SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de etanol pelas unidades produtoras do centro-sul do Brasil totalizaram 3 bilhões de litros em janeiro, o maior volume mensal desde outubro de 2020, informou nesta quinta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
As usinas e destilarias elevaram as vendas de etanol de cana e de milho em 38,22% em relação ao mesmo período do ano passado, com impulso na comercialização do biocombustível hidratado e anidro na segunda quinzena do mês.
Mas o salto se deu mais em função das vendas do hidratado, com 1,89 bilhão de litros, crescimento de 75,54%, à medida que o combustível está mais competitivo que a gasolina em grande parte do país.
Já o volume comercializado de etanol anidro (usado na mistura com a gasolina) no período foi de 1,11 bilhão de litros, avanço de 1,34%.
No mercado doméstico, as vendas de etanol hidratado em janeiro totalizaram 1,77 bilhão de litros, enquanto a de anidro no país somou 1,03 bilhão de litros, e o restante foi para exportação.
A Unica apontou que, considerando somente as vendas no mercado interno, o total comercializado ultrapassou a marca de 2,8 bilhões de litros, o maior desde outubro de 2019.
"O resultado reverbera a competitividade do biocombustível nas bombas que já dura meses. Na última semana, dados da ANP apontam uma paridade média de 61,7% entre o preço do hidratado e da gasolina C", destacou a Unica.
Em geral, compensa para motoristas a utilização de etanol quando o preço está abaixo de 70% do valor da gasolina nos postos.
No acumulado da safra 23/24, a comercialização de etanol soma 26,95 bilhões de litros, um aumento de 9,37%. O hidratado compreende um volume de 16,27 bilhões de litros (+15,68%), enquanto o anidro de 10,68 bilhões (+0,99%).
MOAGEM
Já praticamente na entressafra, a moagem está mais fraca ante os períodos de maiores atividades das usinas, assim como a produção de açúcar e etanol.
A moagem de cana-de-açúcar na segunda quinzena de janeiro na região centro-sul totalizou 714,01 mil toneladas, ainda assim mais que o dobro do mesmo período do ano anterior, quando a oferta de matéria-prima era menor.
No acumulado da safra 2023/2024 iniciada em abril, a moagem atingiu um recorde de 646,05 milhões de toneladas, avanço de 18,95% versus 2022/23, com fortes ganhos na produtividade agrícola.
Operaram na segunda quinzena de janeiro 21 unidades produtoras na região, sendo seis unidades com processamento de cana, sete empresas que fabricam etanol a partir do milho e oito usinas flex. No mesmo período, na safra 22/23, operavam 13 fábricas.
Ao final da quinzena, uma unidade encerrou a moagem, enquanto no acumulado da safra já se contabilizam 249 unidades paradas, segundo dados da Unica.
A nova safra começa oficialmente em abril, mas em geral algumas empresas antecipam a retomada das atividades já em março.
(Por Roberto Samora)