Nesta terça-feira (5), precisamente às 07h23 do horário de Brasília, a rede do Bitcoin (BTC) minerou o seu bloco de número 735.000. Embora a mineração de blocos seja um ato banal no BTC, o bloco em questão marca exatamente a metade do atual ciclo de halving.
Halving é o nome dado ao processo no qual a emissão de novos BTC é cortada pela metade. De acordo com a programação do BTC, o processo ocorre a cada 210 mil blocos minerados. Em termos de tempo, cada ciclo possui cerca de quatro anos.
Em 2020, o halving ocorreu no bloco 640.000, o que significa que o bloco 735.000 foi minerado 105 mil blocos depois. Isto é metade do atual ciclo, previsto para acabar em 03 de maio de 2024. A partir daí, a emissão será cortada pela metade, chegando a 3,125 BTC por bloco.
Neste guia, você pode conferir o que é o halving e como ele funciona. Contudo, quais são os impactos do corte da recompensa no preço do BTC? E como funcionam os ciclos de halving ao longo da história?
Estado atual do mercado
Os ciclos de halving do Bitcoin ocorrem a cada cerca de quatro anos. O período entre um halving e outro é chamado de “época do halving”. Nesse sentido, o período entre 2009 e 2012 foi a Época 1, entre 2012 e 2016 foi a Época 2, e assim por diante.
Atualmente, o mercado vive na Época 4 do ciclo de halving. Nesse exato, exatos 19.031.250 dos 21 milhões de BTC que existirão terão sido minerados. Isto é, 90,6% da oferta total da criptomoeda já está no mercado.
Conforme os ciclos progridem, a oferta de BTC em circulação também aumenta. Em 2024 terá início a Época 5, na qual 93,8% dos BTC terão sido minerados. A Época 6, prevista para 2028 (est.), terá 96,9% dos BTC minerados.
Estima-se que o BTC terá 33 ciclos ou épocas até 2140, quando todas as unidades serão totalmente mineradas. Hoje a oferta de novos BTC é de apenas 1,8% ao ano, aproximadamente em linha com o ouro. A partir da Época 5, a nova oferta cairá para 0,8%, e as quedas ocorrerão até o final.
Como a emissão de novos BTC sempre é cortada, o preço da criptomoeda é afetado por cada ciclo de halving. Apesar da pouca amostragem (foram apenas três halvings até hoje), o halving sempre desencadeou momentos de valorização no preço.
Impacto dos halvings por ciclo
Antes de tudo, cabe destacar que os ciclos de halving são marcados por peculiaridades. Na Época 1, por exemplo, praticamente ninguém conhecia a respeito da criptomoeda a não ser alguns e cypherpunks. Logo, o impacto do halving no preço em valores absolutos foi praticamente nulo.
Contudo, os aumentos percentuais sempre foram na casa dos três dígitos. A Época 2 (2012-2016) viu o BTC se valorizar cerca de 100 vezes, percentual que diminuiu para 30 vezes na Época 3 (2016-2020). Na atual Época 4 (2020-2024), a valorização do BTC já atingiu sete vezes.
Nesse sentido, o aumento de preço ainda é positivo, mas se torna menor à medida que o BTC amadurece e que seu preço cresce. Trata-se de um efeito natural em mercados que começam a crescer de tamanho. Uma coisa é o crescimento do BTC quando ele valia US$ 10 milhões, outra é com um mercado de US$ 700 bilhões como hoje.
Desempenho do Bitcoin por época
Para entender os impactos do halving no preço do BTC, é preciso analisar cada ciclo de maneira separada. Por isso, o tópico atual fará uma análise completa de cada um dos halvings e suas peculiaridades.
Como a Época 1 ocorreu muito cedo e o BTC não teve um preço de mercado em boa parte desse período, ela será deixada de lado. Dessa forma, a análise começará a partir da Época 2.
Época 2 (2012-2016)
O primeiro halving do BTC ocorreu em julho de 2012, quando a emissão de novos BTC por bloco caiu de 50 para 25 BTC. No ano seguinte (2013), o preço imediatamente disparou 1.100%, saindo de US$ 100 para o primeiro recorde histórico: quase US$ 1.200.
Contudo, 2014 foi um ano de forte correção no qual o BTC perdeu mais de 80%. Até meados de 2016, antes do segundo halving, a criptomoeda chegaria à sua mínima de US$ 240.
Época 3 (2016-2020)
No segundo halving, ocorrido em julho de 2016, o corte na recompensa do bloco caiu de 25 para 12,5 BTC. Entre julho e dezembro de 2016, o preço do BTC já havia se valorizado de US$ 240 até cerca de US$ 900, ou seja, uma alta de 375%.
Mas o grande movimento ocorreu no segundo semestre de 2017, quando o preço chegou até o patamar histórico dos US$ 20 mil. Em seguida veio um novo bear market que durou por todo o ano de 2018, no qual o preço do BTC atingiu mínimas de US$ 3.000.
Época 4 (2020-2024)
No terceiro halving, ocorrido em maio de 2020, o corte na emissão caiu de 12,5 para 6,25 BTC por cada bloco. Este ciclo teve uma peculiaridade em relação aos demais, que foi a pandemia de Covid-19.
A doença levou governos a imprimirem quantidades recordes de dinheiro e distribuir para a população. Este também foi o ciclo no qual o BTC de fato começou sua entrada no mercado institucional. Foi aqui que empresas como a Tesla (NASDAQ:TSLA) e a MicroStrategy (NASDAQ:MSTR), por exemplo, passaram a comprar a criptomoeda como parte de suas reservas financeiras.
Como resultado, o preço do BTC saiu de US$ 3.200 e chegou aos patamares de quase US$ 70 mil nas suas máximas.
Conclusão
Os ciclos de halving são marcados por uma grande valorização de mercado, seguida de uma correção igualmente profunda. No entanto, em todos eles o BTC renovou suas cotações mínimas, ou seja, terminou um ciclo com seu preço mínimo maior do que o do ciclo anterior.
Nesse sentido, é improvável que o BTC entre em colapso de forma semelhante ao que ocorreu nas Épocas 2 e 3. Afinal, o preço está bastante alinhado com os fundamentos neste ciclo e a criptomoeda já está inserida como uma classe global de ativos.
A meio caminho do próximo halving, o BTC está sendo negociado pelo valor justo. Sua credibilidade junto ao mercado nunca foi tão alta como hoje. Nos futuros halvings, a tendência é que sua adoção esteja ainda mais consolidada.