CriptoFácil - Com autorização do governo central da China, Changshu, uma cidade chinesa com 1,5 milhão de habitantes, anunciou que começará a pagar os salários dos funcionários públicos e trabalhadores da administração pública em yuan digital (e-CNY), a CBDC (moeda digital de banco central) do país, a partir de maio.
A medida tem como objetivo promover o uso da CBDC chinesa. Além disso, representa a primeira iniciativa deste tipo do mundo no que diz respeito às moedas digitais de bancos centrais.
O yuan digital já circula em Changshu, e pagamentos com e-CNY têm sido feitos desde junho de 2022 a cerca de 4.900 funcionários de empresas estatais como remuneração por horas extras. A cidade também utiliza a moeda digital para subsídios e outros pagamentos a empresas de tecnologia, empresas de transporte e trabalhadores do governo provincial de Suzhou.
Entretanto, muitos dos beneficiários da CBDC ainda não sabem como a moeda digital funciona e a convertem imediatamente em renminbi físico após o depósito. Um médico de um hospital em Suzhou, por exemplo, declarou que não há lojas ou empresas em que ele possa usar o yuan digital. Por isso, sempre converte a moeda digital em yuan tradicional.
Yuan digital
A China trabalha na criação do yuan digital desde 2014. Testes-piloto começaram em 2020 em várias cidades, incluindo Pequim, Hong Kong, Suzhou, Xiongan, Shenzhen e Chengdu. Em 2023, o programa foi expandido para 17 províncias, e o Banco Central da China informou que várias plataformas aceitam a CBDC.
O governo chinês afirma que a moeda digital protegerá a privacidade dos usuários, uma vez que as plataformas de pagamento eletrônico não obterão seus dados. No entanto, o Banco Central tem acesso a essas informações e a todas as transações realizadas com a CBDC – que não funciona vai blockchain. Em março de 2021, o diretor do banco central chinês admitiu que o e-CNY não pode ser totalmente anônimo devido às normas internacionais contra lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo.
Em contraste, o Bitcoin (BTC) oferece maior proteção à privacidade dos usuários. Afinal, sua tecnologia evita a necessidade de um terceiro confiável nas transações. A China reconhece essa característica e já tentou banir o Bitcoin pelo menos sete vezes.