CriptoFácil - As criptomoedas foram o maior destaque em termos de investimentos durante o primeiro trimestre. E mesmo nos primeiros dias de abril, o Bitcoin (BTC) e o Ether (ETH) continuam registrando ganhos exponenciais.
Diversos traders apontaram suas teorias para esse movimento, mas um fator ficou de fora da maioria dessas análises. Trata-se dos bancos centrais e da mudanças que estes começaram a fazer em seus balanços.
Embora os juros sigam em alta nos Estados Unidos e na Europa, o balanço dos maiores bancos centrais parou de encolher. Mais do que qualquer outra coisa, isso pode beneficiar as classes de ativos como as criptomoedas.
O que é o balanço?
Antes de explicar os impactos, é preciso entender como funciona os balanços dos bancos centrais. Desde a crise de 2008, essas instituições têm comprado ativos de vários segmentos da economia. Títulos de dívida de empresas, hipotecas e até mesmo ações fazem parte do balanço dos bancos centrais.
O Banco Central Europeu (BCE) e, sobretudo, o Federal Reserve dos EUA (Fed) lideraram esse movimento. Para adquirir esses ativos, os bancos centrais emitem moeda em grande quantidade e compram os ativos, guardando-os em seu balanço.
Entre a crise de 2008 e o ano de 2021, o balanço do Fed cresceu de menos de US$ 1 trilhão e alcançou o ápice de quase U$ 5 trilhões. Mas a partir do ano passado, tanto o Fed quanto o BCE começaram a aumentar os juros e também a se desfazer desses ativos, vendendo-os a preço de mercado.
Por causa da alta dos juros e da venda desses ativos, os mercados experimentaram fortes correções ao longo do final do ano passado. Afinal, quando um órgão grande como o Fed entra no mercado como vendedor, não há ninguém com capital suficiente para absorver essas perdas.
Fim da queda
No entanto, a situação parece estar se revertendo no início de 2023. De acordo com dados da TS Lombard, o balanço dos bancos centrais voltou a crescer nos primeiros meses do ano. Ou melhor, começou a encolher a níveis menores.
O encolhimento dos balanços foi utilizado pelos bancos centrais para controlar a inflação que disparou em 2022. Mas esse programa aparentemente terminou. O gráfico mostra que o balanço dos maiores bancos centrais do mundo – Fed, BCE, Banco da Inglaterra (BOE) e Banco do Japão (BOJ) – reduziu o ritmo de queda.
Não se trata de um aumento no balanço, já que a curva ainda segue em território negativo. Mas a queda nos balanços diminuiu, o que indica o fim do programa de redução dos ativos.
“O ‘delta do delta’ se inverteu recentemente. Possível vento favorável para os mercados”, disse a edição de quinta-feira do The Market Ear, referindo-se à queda no tamanho dos balanços dos bancos.
Benefícios para os ativos de risco como criptomoedas
A expansão dos balanços dos bancos centrais é amplamente considerada otimista para ativos de risco como as criptomoedas. Quanto mais eles expandem seu balanço, mais dinheiro emitem. Com mais dinheiro na economia, os investidores podem tomar mais risco.
Não faz parte da política dos bancos centrais comprar criptomoedas, mas isso também beneficia o BTC e seus pares. Especialmente se os juros caírem, já que a procura por ativos de maior risco – e maior retorno – tende a aumentar.
Isso ocorre porque as entidades envolvidas nos mercados financeiros costumam ser os primeiros destinatários do dinheiro recém-criado por meio da expansão do balanço patrimonial, de acordo com uma teoria proposta pelo economista irlandês-francês do século XVIII, Richard Cantillon.
Essas entidades usam o dinheiro recebido para elevar os preços dos ativos. Portanto, esse movimento talvez explique parte da valorização recente vista nas criptomoedas.