Investing.com – Após a falência da plataforma de criptomoedas FTX, “CZ”, como é conhecido o chefe da Binance, maior exchange de criptos do mundo, sugeriu a ideia de que as plataformas apresentassem uma “prova de reservas”, com detalhes das suas reservas para comprovar sua saúde financeira.
A Binance, com isso, acabou revelando algumas informações não auditadas das suas próprias reservas, através de um relatório independente da Mazars, em 7 de dezembro, apresentado como evidência de que a plataforma de CZ não seguiria o mesmo caminho da de Sam Bankman-Fried.
Relatório da Mazars sobre as reservas de bitcoin da Binance possui algumas áreas nebulosas
De acordo com especialistas ouvidos pelo Wall Street Journal, esse relatório não contém apenas elementos “tranquilizadores”, mas também “sinais vermelhos” a respeito das finanças da Binance.
Em particular, o relatório da Mazars foi criticado pela falta de informações relacionadas à qualidade dos controles internos e ao método usado pelos sistemas da Binance para liquidar os ativos como parte da cobertura de empréstimo de margem.
Fontes do WSJ também expressaram preocupação com a ausência de dados a respeito da estrutura corporativa da Binance. Exemplo disso foi o fato de que o diretor-chefe de estratégia da plataforma, Patrick Hillmann, não conseguiu citar o nome da empresa controladora da Binance, argumentando que a companhia estaria em meio a uma reorganização que já dura quase dois anos.
Especialistas com quem o jornal conversou também reclamaram que a prova de reservas da Binance mostra que os fundos dos clientes estão 97% assegurados, excluindo ativos emprestados a usuários através de empréstimos e contas de margem. De fato, a relação de 1:1 entre reservas e ativos dos clientes defendida pela Binance não foi alcançada.
Fundos de clientes da Binance têm garantia de 97% ou 101%, dependendo do método de cálculo
Por outro lado, “com a inclusão de ativos em escopo emprestados aos clientes através de margem e empréstimos, que estão lastreados em ativos fora de escopo, descobrimos que a Binance tinha garantia de 101%”, declarou a Mazars.
Especificamente, o relatório da Mazars apresentou três números, denominados em bitcoin, incluindo o “Relatório de Saldo de Passivos dos Clientes”, com um saldo de 597.602 bitcoins, e o “Relatório de Saldo de Ativos”, com um saldo de 582.486 bitcoins, representando a cobertura de 97,4% dos ativos dos clientes.
O terceiro número, o “saldo líquido de passivos” (excluindo ativos em escopo emprestados aos clientes), mostrou que uma liquidez ajustada para baixo de cerca de 21.860 bitcoins a 575.742 bitcoins. E o cálculo nessa base realmente afirma que os fundos dos clientes da Binance estão 101% respaldados pelas reservas.
A porta-voz da Binance, Jessica Jung, declarou que a diferença de 21,860 bitcoins correspondia a “empréstimos de BTC feitos a clientes através de um programa da Binance” e que “a garantia para esses empréstimos não estão em BTC, mas em outras moedas”.
As razões para o ajuste podem estar relacionadas ao fato de que o relatório da Mazars focou apenas no bitcoin, evitando propositalmente todas as outras criptomoedas.
No entanto, a Binance declarou que começará a publicar informações sobre outras criptomoedas disponíveis em sua plataforma e suas respectivas reservas nas próximas semanas.
Por isso, será necessário aguardar um pouco mais para ter uma visão completa e realista da força financeira da companhia.