Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, usou bastante a palavra "cuidadoso" em sua última entrevista coletiva ao descrever os esforços do banco central dos Estados Unidos para equilibrar os riscos de uma inflação ainda elevada e um aumento surpreendente no crescimento econômico com o aperto das condições de crédito e a convicção do Fed de que a economia está prestes a desacelerar.
A ata da reunião de 31 de outubro a 1º de novembro, que será divulgada às 16h (horário de Brasília) desta terça-feira, também deve enfatizar essa palavra, que as autoridades têm utilizado em um momento em que parece improvável que aumentem ainda mais os juros, mas não querem dizer isso enquanto a inflação permanecer bem acima da meta de 2% do banco central.
"A inflação nos deu algumas surpresas. Se for apropriado tornar a política mais restritiva, não hesitaremos em fazê-lo", disse Powell em uma conferência do Fundo Monetário Internacional neste mês. "No entanto, continuaremos a agir com cuidado, o que nos permitirá lidar com o risco de sermos enganados por alguns bons meses de dados e com o risco de um aperto excessivo."
A ata provavelmente incluirá a "retórica superficialmente 'hawkish'" de que os juros ainda podem subir, escreveram analistas do Citi no domingo. No entanto, "continuamos a acreditar que as autoridades do Fed provavelmente não aumentarão mais a taxa de juros neste ciclo".
A maioria dos investidores também acha isso, com contratos vinculados à taxa de referência mostrando uma probabilidade quase nula de o Fed ir além da atual faixa de 5,25% a 5,50%. Enquanto isso, a ferramenta FedWatch do CME Group coloca as chances de um corte em cerca de 60% para a reunião do Fed de 30 de abril a 1º de maio de 2024.
As atas, assim como o atual grupo de autoridades do Fed, não querem entrar nessa discussão, insistindo que ainda não têm certeza de que a taxa de juros é "suficientemente restritiva" para acabar com a luta contra a inflação - mesmo que falem mais sobre quanto tempo a taxa deve permanecer no nível atual e menos sobre quanto mais ela deve subir.
"A inflação parece estar se estabilizando", disse o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, à Fox Business na segunda-feira. Mas ele também acha que é provável que ela continue "persistente, e isso me leva a defender que os juros sejam mais altos por mais tempo".