Por Francesco Canepa e Leigh Thomas
FRANKFURT/PARIS (Reuters) - As autoridades de política monetária do Banco Central Europeu advertiram investidores, que estão apostando majoritariamente contra um aumento da taxa de juros do BCE na próxima semana, que a decisão ainda está no ar e que um aumento nos custos dos empréstimos está entre as opções sobre a mesa.
Com a deterioração da atividade econômica em todos os 20 países que usam o euro e com a inflação diminuindo, os investidores estão apostando que o BCE encerrará sua série de nove aumentos consecutivos da taxa de juros em 14 de setembro, mesmo que mantenha a discussão aberta para novos movimentos.
Porém, nesta quarta-feira, último dia antes do período de silêncio autoimposto pelo BCE, os chefes dos bancos centrais da Holanda, França, Alemanha e Eslováquia disseram que a decisão do Conselho do BCE ainda está em aberto.
François Villeroy de Galhau, da França, deu a entender que um novo aumento da taxa ainda poderá ocorrer em uma data posterior e argumentou que a desaceleração não é uma recessão, e que o BCE precisa perseverar em sua luta contra a inflação.
"Nossas opções estão abertas neste Conselho e nas reuniões seguintes", disse ele aos repórteres. "Estamos próximos, muito próximos do pico de nossas taxas de juros. No entanto, ainda estamos longe do ponto em que poderíamos considerar cortá-las."
Peter Kazimir, da Eslováquia, um franco defensor da política econômica, foi mais explícito, argumentando que outro aumento ainda será necessário para controlar a inflação. Ele disse que o BCE poderá adiar um aumento da taxa para uma de suas reuniões de outono ou puxar o gatilho na próxima semana.
"A segunda opção parece preferível e razoável para mim", disse Kazimir em um artigo de opinião. "É entregar mais 25 pontos-base na próxima semana e fazer uma pausa depois disso."
O presidente do banco central holandês, Klaas Knot, outro defensor ferrenho do aperto da política no passado, disse que os investidores podem estar subestimando as chances de um aumento da taxa na próxima quinta-feira e que a decisão seria "uma decisão difícil".
Os mercados agora veem uma chance em três de um aumento na próxima semana, sendo que uma mudança em outubro ou dezembro é vista como mais provável.
"Continuo achando que atingir nossa meta de inflação de 2% no final de 2025 é o mínimo que temos de cumprir", disse Knot à Bloomberg.
O chefe do Bundesbank, Joachim Nagel, também defensor de aumentos rápidos no passado, adotou uma visão igualmente comedida, dizendo que a decisão da próxima semana dependeria, entre outros fatores, das novas projeções econômicas do BCE. De qualquer forma, ele acrescentou que os cortes nas taxas não eram iminentes.
"Seria errado apostar em uma rápida redução das taxas de juros após o pico", disse Nagel ao jornal de negócios alemão Handelsblatt.
Em entrevista ao Reuters Global Markets Forum na semana passada, o chefe do banco central da Áustria, Robert Holzmann, disse que o BCE ainda pode fazer mais "uma ou duas elevações", enquanto Mario Centeno, de Portugal, disse que é preciso ser muito cauteloso em relação a qualquer novo aperto.
(Reportagem adicional de Akanksha Khushi)