Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - Autoridades do Federal Reserve disseram nesta segunda-feira que o corte de 50 pontos-base na taxa de juros na semana passada foi feito para tentar sustentar o que eles consideram um equilíbrio emergente e saudável na economia, com a inflação indo em direção à meta do banco central norte-americano e o desemprego próximo do nível consistente com preços estáveis.
Em comentários nesta manhã, três presidentes de bancos regionais do Fed disseram que apoiavam o corte da taxa de juros da semana passada como um reconhecimento de que a política atual está pressionando demais a economia em um momento em que as pressões sobre os custos estão diminuindo e os riscos para o mercado de trabalho aumentando - circunstâncias que tornariam apropriada uma taxa de juros mais "neutra".
Tanto a inflação quanto os níveis de desemprego estão próximos das metas do Fed, mas "as taxas são as mais altas das últimas décadas. Faz sentido manter os juros assim quando se quer esfriar a economia, não quando se quer que as coisas permaneçam como estão", disse o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, em comentários divulgados nesta segunda-feira.
"Sinto-me confortável em começar com um movimento como esse - o corte de 50 pontos-base na taxa de juros anunciado na última quarta-feira - como uma demarcação de que voltamos a pensar mais sobre os dois lados do mandato", acrescentou Goolsbee. "Se quisermos um pouso suave, não podemos ficar atrás da curva."
O mandato duplo refere-se às metas do Fed de manter o nível mais baixo de desemprego compatível com preços estáveis, o que o banco central define como um aumento anual de 2% no índice de preços PCE.
Em uma base anual, o PCE registrou alta de 2,5% em julho, mas a expectativa é de que continue a desacelerar, um ponto central na discussão sobre se o Fed poderá cortar 50 pontos novamente em sua reunião de novembro ou reduzir para 25 pontos.
Os dados do PCE de agosto serão divulgados na sexta-feira.
A atual taxa de desemprego de 4,2% em agosto está no nível que as autoridades do Fed consideram consistente com uma inflação estável.
O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que acha que a economia está se aproximando de seu nível "normal" para ambas as estatísticas mais rápido do que ele esperava, e que a política monetária também deveria se ajustar à atual postura de crédito restrito.
O corte de 50 pontos na semana passada foi uma maneira apropriada de dar início a esse processo, disse ele, embora o Fed não precise sair em uma "corrida louca" para reduzir os juros em meio ao que ele descreveu como uma discussão "robusta" sobre até onde e com que rapidez os custos dos empréstimos devem cair.
"O progresso na inflação e o esfriamento do mercado de trabalho surgiram muito mais rapidamente do que eu imaginava no início do verão", disse Bostic, membro votante da política monetária este ano, em comentários ao Centro Econômico e Financeiro Europeu. "Neste momento, imagino normalizar a política monetária mais cedo do que pensei que seria apropriado, mesmo alguns meses atrás."
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, em comentários publicados esta manhã e em comentários à CNBC, disse que concorda que o corte de 50 pontos foi apropriado, embora também pudesse ter apoiado uma redução de 25 pontos.
Independentemente disso, ele disse que acha que mais dois cortes de 25 pontos provavelmente seriam justificados até o final do ano, porque "o balaço de riscos se afastou da inflação mais alta e se voltou para o risco de um enfraquecimento ainda maior do mercado de trabalho".
Mesmo com o corte de 50 pontos, a faixa atual da taxa referencial de 4,75% a 5% "continua apertada".