Alerta do Balanço de Nvidia: Por que nossa estratégia por IA ainda se posiciona na açãoLeia Mais

BC vê barulho, mas não pressão do Planalto contra autonomia, dizem fontes

Publicado 23.08.2021, 13:07
© Reuters. Sede do Banco Central em Brasília
27/11/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central vê barulho quanto ao efetivo apoio do Planalto à sua autonomia formal, sancionada em lei deste ano, mas não movimento ou pressão do presidente Jair Bolsonaro contra o status recém-adquirido, disseram duas fontes da autoridade monetária à Reuters, sob condição de anonimato.

"(Não há) nada direto conosco", afirmou uma das fontes.

O fato de o procurador-geral da República, Augusto Aras, ter se manifestado no fim da abril pela inconstitucionalidade da lei de autonomia acendeu internamente o alerta no BC, até pela ligação entre Aras e o presidente.

Por isso, notícias de que Bolsonaro estaria arrependido quanto à autonomia não foram percebidas como surpresa, prosseguiu a fonte, destacando, por outro lado, que não houve pressão quanto ao tema e que a expectativa segue sendo de que o Supremo Tribunal Federal (STF) irá chancelar a autonomia.

Na sexta-feira, a agência de notícias Associated Press publicou que Bolsonaro confidenciou a interlocutores ter se arrependido da lei de autonomia, que assinou em fevereiro.

À Reuters, o Palácio do Planalto respondeu, via assessoria de imprensa, que Bolsonaro é favorável à autonomia do BC.

O STF deve julgar nesta quarta a validade da lei, que estabeleceu mandatos fixos para presidente e diretores do BC. Esses mandatos não coincidem com o do presidente da República com o objetivo de resguardar a instituição de ingerência política.

A contestação da lei foi apresentada pelo PT e PSOL e o relator no STF da ação, ministro Ricardo Lewandowski, julgou o pedido procedente. Tanto Lewandowski quanto Aras justificaram que o projeto de lei sobre o tema deveria ter saído do Executivo, e não do Senado, uma vez que somente a Presidência da República poderia propor a perda de poder sobre um órgão da administração pública.

Uma terceira fonte da equipe econômica ponderou que, a despeito dos barulhos políticos --afinal, a autonomia do BC tira da alçada do Planalto qualquer influência sobre a gestão monetária--, a agenda da autonomia integrou as discussões sobre o plano de Bolsonaro para o governo desde antes da campanha eleitoral de 2018.

"Está com momento de muito ruído", disse a fonte, complementando que dentro da equipe econômica a avaliação é de que a inflação alta deriva em grande parte do aumento nas commodities, sendo também influenciada pelo ritmo mais forte da retomada econômica.

No time do ministro Paulo Guedes, há o sentimento de que a autonomia do BC foi um feito com custo de aprovação política, tentado sem sucesso por governos anteriores, e que não há nenhum sentido em retroceder no status conferido à autarquia.

Essa leitura tem sido passada a Bolsonaro, apesar de o presidente ter culpado, nos últimos dias, os governadores e as medidas de lockdown pela alta de preços na economia.

No Twitter, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, escreveu na sexta-feira que "a relação do governo com o BC é excelente" e "que a autonomia da autoridade monetária é um avanço histórico e irreversível".

"Parem de inventar fagulhas que não existem. Responsabilidade, por favor. Não existe nenhuma, repito, nenhuma crise entre o presidente Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto", disse.

O BC tem como principal missão combater a inflação e, nesse sentido, a liberdade para mexer na taxa básica de juros é seu principal instrumento.

Campos Neto tem martelado em ocasiões recentes que a autoridade monetária fará o que for preciso para ancorar as expectativas de inflação, que têm se distanciado da meta para 2022 em meio ao expressivo aumento dos preços.

Nos 12 meses até julho, a inflação medida pelo IPCA beirou 9%, distante da meta central de 3,75% para este ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Para 2022, as expectativas mais recentes apontam para um IPCA de 3,93%, acima da meta central de 3,50%.

© Reuters. Sede do Banco Central em Brasília
27/11/2019
REUTERS/Ueslei Marcelino

O BC já manifestou a intenção aberta de levar a Selic --hoje em 5,25%-- para o patamar restritivo, isto é, que atua no sentido de desaquecer a economia. No mercado, a expectativa é de que 2022, ano de eleições presidenciais, comece com a taxa em 7,5%.

Procurado, o BC não se manifestou até o momento.

(Por Marcela Ayres, com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.