Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) prometeu nesta quinta-feira manter as taxas de juros em mínimas recordes por ainda mais tempo para ajudar a inflação na zona do euro a subir para sua meta de 2% e alertou que a variante Delta do coronavírus apresenta riscos para a recuperação do bloco monetário.
O banco central dos 19 países que usam o euro disse que não vai aumentar os juros até que veja a inflação alcançar sua meta de 2% "bem antes do fim de seu horizonte de projeção e de forma durável".
"Fizemos isso para destacar nosso compromisso de manter uma postura de política monetária persistentemente expansionista para cumprir nossa meta de inflação", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em entrevista à imprensa.
A mudança na linguagem foi provocada pela nova estratégia apresentada neste mês, quando o BCE prometeu ser "especialmente enérgico ou persistente" e que deixaria a inflação ir acima de 2% porque os juros estão muito baixos.
A inflação ficou abaixo desse nível pela maior parte da última década.
A Covid-19 continua sendo uma ameaça para a economia da zona do euro, mesmo com a reabertura das empresas e com as pessoas saindo, disse Lagarde.
"A reabertura de grandes partes da economia da zona do euro está sustentando uma retomada vigorosa no setor de serviços", disse ela. "Mas a variante Delta do coronavírus pode prejudicar essa recuperação dos serviços, especialmente em turismo e hotelaria."
COMPROMISSO
A mudança de linguagem não foi apoiada por todas as autoridades do BCE.
"Não tivemos unanimidade, mas tivemos uma grande maioria para a calibragem da orientação futura sobre os juros do BCE", disse Lagarde, acrescentando que ela esperava oposição.
Presidentes de BCs de países endividados, como o português Mário Centeno e o italiano Ignazio Visco, argumentaram antes da reunião que a nova estratégia significa que o BCE deve manter as torneiras de dinheiro bem abertas por mais tempo.
Mas aqueles duros com a inflação --que defendem uma política monetária mais apertada e tendem a vir de países com proporções mais baixas de dívida/PIB, como Alemanha-- têm sido mais cautelosos, já que esperam que as pressões de preços retornem mais cedo.