FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) surpreendeu os mercados financeiros nesta quinta-feira ao anunciar que vai cortar as compras de ativos a partir de abril do próximo ano, mesmo reservando o direito de aumentar as compras novamente se a recuperação da zona do euro não for como o esperado.
O BCE informou que reduziria as compras mensais para 60 bilhões de euros, dos atuais 80 bilhões de euros, mas estenderia as compras até o final de 2017. Os mercados esperavam que as compras ficassem em 80 bilhões de euros, mas apenas por mais 6 meses.
O presidente do BCE, Mario Draghi, deixou claro, no entanto, que não estava indicando liquidação definitiva do programa.
"Não houve nenhuma discussão sobre o encerramento hoje", disse ele em coletiva de imprensa. "Uma presença sustentada é também a mensagem da decisão de hoje."
O banco também estava firme sobre a possibilidade de o novo plano poder ser revertido. "Se, entretanto, as perspectivas se tornarem menos favoráveis ou se as condições financeiras se tornarem incompatíveis com novos progressos, no sentido de ajuste sustentado do caminho da inflação, o conselho do BCE pretende aumentar o programa em termos de dimensão e/ou duração", disse Draghi, lendo a declaração do conselho.
O BCE confirmou que iria afrouxar as regras para as suas compras para assegurar que o programa continuasse sem problemas, aumentando o intervalo de vencimento dos títulos elegíveis e permitindo a compra de títulos com rendimento inferior à taxa de depósito do BCE.
Com as eleições de alto risco em quatro das cinco maiores economias da zona do euro, esperava-se que o BCE mantivesse as compras de ativos, provavelmente com receios de que o corte prematuro pudesse abortar uma recuperação ainda tímida na zona do euro.
O BCE já gastou mais de 1,4 trilhão de euros (1,5 trilhão de dólares) na compra de títulos.
As taxas de juros foram mantidas, com a taxa de depósito em território negativo.
(Por Mark John Editing)