China amplia estímulo para proteger economia de mudanças "nunca vistas em um século"

Publicado 05.03.2025, 07:32
Atualizado 05.03.2025, 07:35
© Reuters. Premiê da China, Li Qiang, discursa na sessão de abertura do Congresso Nacional do Povo, em Pequimn05/03/2025. REUTERS/Tingshu Wang

Por Antoni Slodkowski e Laurie Chen e Jing Xu e Eduardo Baptista

PEQUIM (Reuters) - A China liberou mais estímulos fiscais nesta quarta-feira, prometendo esforços maiores para sustentar o consumo e amortecer o impacto da escalada da guerra comercial com os Estados Unidos em uma economia que Pequim está determinada a fazer crescer 5% ou mais este ano.

O primeiro-ministro Li Qiang, em um discurso na abertura da reunião anual do Parlamento da China, alertou que "mudanças nunca vistas em um século estão ocorrendo em todo o mundo em um ritmo mais rápido".

"Um ambiente externo cada vez mais complexo e severo pode exercer um impacto maior sobre a China em áreas como comércio, ciência e tecnologia", disse Li.

A guerra comercial com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está ameaçando a joia econômica da China, seu complexo industrial, em um momento em que a fraqueza da demanda doméstica e os problemas do setor imobiliário carregado de dívidas estão deixando a economia cada vez mais vulnerável.

Trump também impôs tarifas a uma longa lista de países, interrompendo uma ordem comercial global de décadas, em torno da qual Pequim construiu seu modelo econômico.

As autoridades chinesas estão sendo pressionadas a estimular o consumo para afastar as pressões deflacionárias e reduzir a dependência da segunda maior economia do mundo das exportações e dos investimentos para crescer.

O termo "consumo" foi mencionado 31 vezes no relatório de Li, acima das 21 vezes no ano passado, enquanto "tecnologia" recebeu 28 menções, um pouco acima das 26 em 2024, de acordo com analistas da Guotai Junan.

"Pela primeira vez, o aumento do consumo foi elevado à prioridade máxima entre as principais tarefas de 2025, deslocando a tecnologia de sua habitual posição de liderança", disse Tilly Zhang, analista de tecnologia da Gavekal Dragonomics.

"Não se trata de um pivô da política industrial anterior, mas da busca de uma estrutura macroeconômica mais equilibrada", disse Zhang.

No entanto, a China disse há mais de uma década que desejava mudar para um modelo de crescimento mais voltado para o consumidor, sem fazer progressos significativos em direção a esse objetivo, e os investidores não estão apostando nessa mudança de tom.

A meta de crescimento de aproximadamente 5% para 2025 e um plano de déficit orçamentário maior de cerca de 4% da produção econômica que Li apresentou ao Parlamento confirmaram uma matéria da Reuters de dezembro.

Li também disse que Pequim planeja emitir 1,3 trilhão de iuanes (US$179 bilhões) em títulos especiais ultralongos do Tesouro este ano, ante 1 trilhão de iuanes em 2024. Os governos locais terão permissão para emitir 4,4 trilhões de iuanes em dívidas especiais, ante 3,9 trilhões de iuanes.

Separadamente, Pequim planeja levantar 500 bilhões de iuanes para recapitalizar os principais bancos estatais.

Analistas afirmam que os valores mais altos da dívida e dos gastos visam a amortecer o impacto das tarifas.

"Também esperamos que as autoridades ajustem o orçamento até a metade do ano se o ímpeto de crescimento for afetado pelas disputas comerciais", disseram os analistas do ANZ.

Além dos 300 bilhões de iuanes alocados para um esquema de subsídios ao consumidor recentemente ampliado para veículos elétricos, eletrodomésticos e outros bens, o discurso de Li continha pouco apoio concreto para as famílias.

"Isso tem sido muito bem-sucedido em aumentar os gastos com esses tipos de bens", disse Harry Murphy Cruise, chefe de economia da China e da Austrália na Moody’s Analytics.

"Mas, fora isso, os gastos ainda estão muito fracos", acrescentou, criticando a falta de detalhes sobre outras políticas de consumo.

(Reportagem adicional de Liz Lee, Kevin Yao, Ethan Wang, Ellen Zhang, Joe Cash, Qiaoyi Li, Liangping Gao, Yukun Zhang, Ziyi Tang, Liam Mo e Yuhan Lin em Pequim e David Kirton em Shenzhen)

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