Dependência de meios de pagamento norte-americanos cria risco de coerção econômica para Europa, alerta BCE

Publicado 20.03.2025, 12:16
Atualizado 20.03.2025, 12:20
© Reuters. Sede do BCE em Frankfurt, Alemanhan06/03/2025. REUTERS/Jana Rodenbusch/File photo

FRANKFURT (Reuters) - A dependência da Europa em relação aos provedores de pagamento americanos a deixa aberta à coerção econômica, disse o economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, nesta quinta-feira, delineando um risco importante na deterioração do relacionamento entre a Europa e os EUA.

A Europa vem reavaliando seus laços com os EUA desde que o presidente Donald Trump disse que a UE havia sido "formada para ferrar" seu país e prometeu uma série de medidas de retaliação.

Uma das principais preocupações é que a Visa e a Mastercard agora processam cerca de dois terços dos pagamentos com cartão na zona do euro, enquanto as empresas de tecnologia, incluindo Apple (NASDAQ:AAPL) Pay, Google (NASDAQ:GOOGL) Pay e PayPal (NASDAQ:PYPL), também respondem por uma parte substancial das transações de varejo.

"A dependência da Europa de provedores de pagamento estrangeiros atingiu níveis impressionantes", disse Lane em um discurso em Cork, na Irlanda. "Essa dependência expõe a Europa a riscos de pressão e coerção econômica e tem implicações para nossa autonomia estratégica, limitando nossa capacidade de controlar aspectos críticos de nossa infraestrutura financeira."

"Estamos testemunhando uma mudança global em direção a um sistema monetário mais multipolar, com sistemas de pagamentos e moedas cada vez mais usados como instrumentos de influência geopolítica."

Ele alertou que os sistemas nacionais de cartões foram totalmente substituídos por alternativas internacionais em 13 dos 20 países da zona do euro, tornando imperativo que o BCE avance com a emissão de uma moeda digital.

"O euro digital é uma solução promissora para combater esses riscos e garantir que a zona do euro mantenha o controle sobre seu futuro financeiro", disse Lane.

Um euro digital funcionaria de forma muito semelhante ao dinheiro, permitindo que as pessoas façam pagamentos no varejo sem depender de um provedor de serviços de cartão.

Os fundos seriam mantidos em uma carteira digital, possivelmente um aplicativo em um telefone, e seriam um crédito direto sobre o banco central, como acontece com as cédulas. Os recursos seriam então transferidos para o vendedor sem passar pelo Visa ou Mastercard.

O BCE passou anos se preparando para uma moeda digital, mas precisa de uma legislação em toda a UE para poder avançar. Entretanto, o processo legislativo tem sido lento, deixando algumas autoridades frustradas.

O BCE disse anteriormente que decidirá até o final de 2025 se passará para a próxima fase dos preparativos.

(Reportagem de Balazs Koranyi)

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