Por Rodrigo Viga Gaier e Patricia Duarte
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego brasileira subiu a 11,3 por cento no segundo trimestre deste ano, renovando a máxima da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, iniciada em 2012, ao mesmo tempo em que a renda média voltou a cair, indicando que o mercado de trabalho ainda sofre com a forte recessão econômica do Brasil e sem sinais de mudança de tendência.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também informou nesta sexta-feira que o país tinha 11,586 milhões de desempregados no trimestre passado.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de que a taxa de desemprego atingisse 11,3 por cento no segundo trimestre, segundo a mediana das projeções, contra 11,2 por cento nos três meses até maio.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2015, o quadro negativo fica ainda mais claro, quando a taxa de desemprego foi de 8,3 por cento.
Segundo o coordenador da pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, no primeiro trimestre há dispensas sazonais, com temporários, mas isso não ocorre no segundo trimestre.
"Não tem Carnaval ou algo que justifique a dispensa (no segundo trimestre). Era de se esperar uma recuperação do mercado", disse a jornalistas.
A Pnad Contínua mostrou que a renda média mensal de todos os trabalhadores foi a 1.972 reais entre abril e junho, frente aos 1.997 reais vistos no trimestre até maio. Sobre o segundo trimestre de 2015, a queda foi ainda mais expressiva, de 4,2 por cento.
Além da contração da atividade econômica, o Brasil também sofre as consequências da inflação elevada, que corrói o rendimento.
Os 11,586 milhões de desempregados no país no final de junho representavam um salto de 38,7 por cento sobre um ano antes, ou 3,2 milhões de pessoas a mais buscando emprego. No trimestre até maio, havia 11,44 milhões de desempregados, e era o recorde até o momento, desbancado pelo resultado de junho.
"A industria é setor que mais percebe a crise e o ambiente recessivo que temos hoje", resumiu Azevedo. Entre o segundo trimestre de 2015 e o segundo trimestre deste ano foram perdidos 1,44 milhão de empregos no setor.
Já a população ocupada como um todo mostrou queda de 1,5 por cento sobre um ano antes, somando 90,8 milhões de pessoas no segundo trimestre de 2016.
Somente em junho o Brasil fechou 91.032 vagas formais de trabalho, acumulando no primeiro semestre perda líquida de 531.765 empregos formais, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.