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Falas contra definição de juros do BC deterioram expectativas, avalia BR Partners

Publicado 06.02.2023, 16:27
Atualizado 06.02.2023, 16:33
© Reuters.
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - O mercado reage nesta semana aos últimos dados da economia americana, como o payroll acima do esperado, mas também às decisões de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil, que vieram conforme as expectativas. Enquanto isso, o governo eleito critica as explicações do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic, o que não é bem-visto pelo mercado, na visão do banco BR Partners (BVMF:BRBI11).

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Em entrevista ao Investing.com Brasil, Marcelo Costa, que é diretor de treasury sales & structuring da companhia, e Giovanni Bianchi, trader do banco, apontaram que falas desse tipo deterioram as expectativas de inflação, o que o mercado já indica nas últimas pesquisas do Boletim Focus.

Investing.com – Como avalia a última decisão de política monetária do Federal Reserve dos EUA?

Giovanni Bianchi – Começando pelo FOMC, a alta dos juros em 0,25 ponto veio dentro do esperado, mas o discurso veio um pouco diferente do que o mercado estava projetando. O comunicado veio hawkish, como o mercado esperava, reconhecendo aparentemente o pico da inflação, mas oferecendo poucos sinais para sugerir que qualquer pivô inicial esteja em jogo no trâmite do Banco Central americano.

O FOMC reconheceu também que os salários pressionam, diante de uma inflação elevada. O Fed sinalizou que aumentos contínuos serão apropriados para a condução de uma de uma política monetária restritiva e deixou a entender que um novo ritmo de alta, uma continuação 0,25 ponto, tende a ser adotada na próxima reunião.

No entanto, o mercado entendeu as falas posteriores de Jerome Powell de uma maneira dovish. Powell acredita fortemente que será possível conseguir trazer a inflação para 2% sem aumentar de uma forma drástica o desemprego e reduzir o crescimento econômico americano. Então, o mercado enxergou de uma maneira positiva.

O FOMC enfatizou muito o que a gente chama de soft landing, que seria o pouso suave da economia americana. Houve o primeiro reconhecimento do processo desinflacionário no país, o que foi muito importante, indicando que as expectativas inflacionárias estão ancoradas. Foi um discurso mais ameno para a mercado.

Inv.com Ainda, em relação ao Fed, qual a projeção para a próxima reunião? Por quanto tempo as taxas devem continuar elevadas?

Giovanni Bianchi A gente acredita que vai ter mais uma alta de 0,25 ponto, praticamente o consenso a mercado também. Para a próxima reunião em maio, o Fed deve estancar essa alta de juros, deve analisar esse efeito da política monetária via inflação. No segundo semestre, caso essa inflação realmente ela faça esse pivô, o Fed pode entrar cortando a taxa de juros em até 50 bps no final do ano.

Marcelo Costa Para complementar, o que a gente tem visto aqui no próprio discurso do Fed é que o que vinha causando muita inflação dos Estados Unidos ainda era resquícios de altas nos preços de tradeables, muito em função dessas questões de China, da guerra da Ucrânia, entre outros fatores. E o Fed começa a reconhecer que essas pressões inflacionárias estão diminuindo, então cada vez mais está focando a política monetária para a questão de emprego e consumo.

Inv.com - A discussão sobre a meta de inflação abre brecha para abertura de queda da Selic ou reforça a manutenção da taxa em patamar restritivo por mais tempo? Quando pode começar a reversão?

Costa – Após o Copom, o mercado previa uma manutenção da taxa, o que aconteceu, mas o Roberto Campos Neto teve um discurso muito duro, muito direcionado para a classe política, focando na questão fiscal e também nos ataques que ele vem sofrendo pelo novo governo em relação tanto a independência do Banco Central como a essa questão da meta de inflação, que vem desancorando. O Lula já está chamando Roberto Campos de “esse cidadão”. Isso é ruim, né?

Além disso, os problemas fiscais seguem no radar.  Algo muito importante que pode impactar a inflação é essa retirada da desoneração dos combustíveis, que o Haddad tinha prometido acabar no começo do governo, mas foi meio voto vencido. Ainda há a própria discussão do salário mínimo, que o Lula quer dar um aumento real maior. E ainda temos as tratativas do que vai ser o novo arcabouço fiscal.

O mercado também ainda está tentando digerir através desses passos do governo se o Lula vai ser um Lula do passado ou vai adotar um viés um pouco mais Dilma. Então o mercado ainda está tentando entender um pouco disso.

Temos outra variável importante no curto prazo que é a troca do nosso diretor de política monetária, o Bruno Serra. O Roberto Campos quer trazer uma pessoa de mercado e o governo está tentando trazer alguém mais do front político. Tudo isso mexe muito com as expectativas de inflação.

O consenso era de que em agosto a gente começaria a ver o Banco Central reduzindo juros. Isso já passou para a reunião de setembro e um pouco para a reunião de outubro.

A gente acha que o Banco Central dificilmente vai subir mais juros, somente se recados que ele está dando para classe política não surtirem efeito, então eu estou com a cabeça de que a gente pode terminar o ano talvez até acima de 13,25%.Mas eu continuo trabalhando com a hipótese de que a gente ainda deve ter um corte de 0,50 ponto neste ano.

Inv.com – O que esperar da nova âncora fiscal?

Bianchi – Muito desse discurso do Banco Central foi de reforçar a credibilidade no mercado. A viu isso no dia seguinte nas movimentações dos ativos, houve um achatamento da taxa de juros de longo prazo com a taxa de juros de médio prazo.

O Banco Central deu essa mensagem: mercado eu sei que a situação fiscal não está fácil, mas podem confiar em mim que eu também sei ser crível a mercado.

Alguns fatores envolvem a inflação, o movimento da moeda, das commodities, choques de suprimento e a instabilidade fiscal e política. Acreditamos que o mercado está trabalhando muito com esse último fator e que, à medida que esse cenário político e fiscal ele for se tornando um pouco mais ameno, a inflação, não em 2023, mas em 2024, deve convergir para a meta.

O Banco Central foi muito duro nisso quando elevou as projeções da inflação. A gente acredita que uma âncora fiscal seja positiva à medida que esse cenário político e fiscal também represente uma luz no fim do túnel.

Inv.com – Como avaliam as últimas falas de Lula criticando o BC independente e o atual patamar dos juros?

Bianchi – A gente não enxerga de maneira positiva, o mercado não enxerga de maneira positiva ficar criticando a independência do Banco Central. A independência do Banco Central existe e ela e é muito factível à medida em que há diferenciação das políticas.

Inv.com – O diferencial de juros entre Brasil e EUA vai ser o novo normal no governo Lula?

Costa – A apreciação do real ocorrida na última semana tem sido impactada pelo carry trade, diferencial de juros que traz um capital mais volátil, especulativo. Os investidores estrangeiros estão realocando seus recursos em país emergentes, tanto pela questão de um Fed mais dovish quanto pela percepção de que a China está se abrindo mais e trazendo fluxos comerciais para estes países. O Fed já está meio que colocando um teto até onde os juros americanos podem chegar, por volta de 5%. Então é um diferencial de juros muito grande. Acho que o real pode ter um movimento de apreciação, fazendo o dólar chegar a R$4,80, não vou me surpreender se isso acontecer.

ENTENDA - Quer saber melhor como funciona o Regime de Metas de Inflação? Confira o vídeo abaixo:

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