Investing.com – O Federal Open Market Committee (FOMC) do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anuncia na quarta-feira, 20, sua decisão de política monetária, mas os investidores estarão mais atentos às projeções econômicas para este e os próximos anos, as chamadas “dot-plots”. As projeções de consenso indicam manutenção nas fed funds nos Estados Unidos, no patamar atual entre 5,25% a 5,50%.
Fonte: Monitor de Juros do Fed do Investing.com
Dados que demonstram a resiliência da economia americana e pressões inflacionárias seguem a preocupar a autoridade monetária – que já demonstrou que não havia dados que dessem confiança suficiente para que o Fed pudesse iniciar o ciclo de cortes nas fed funds. Apesar disso, o chairman do Fed Jerome Powell afirmou que o patamar deve ter chegado ao seu pico e sugeriu que as autoridades “não estariam longe” de ter a confiança necessária para tornar as taxas menos restritivas.
Com indicadores de inflação ao consumidor e produtor fortes e acima do esperado, mesmo que o PCE tenha vindo mais benigno, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, reforça que os dados trazem maior preocupação. As últimas falas de membros do colegiado do Fed indicam que os juros serão mantidos e que a autoridade monetária ainda deve deixar a porta aberta para eventuais aumentos, se o cenário demonstrar necessidade, em sua visão. “Na entrevista, imagino que vai reforçar que o Fed está dependente de dados, que não há espaço pra baixar juros neste momento e que não possui pressa para reduzir as taxas”.
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Thomas Monteiro, estrategista-chefe do Investing.com, avalia que mesmo que um corte de juros agora esteja totalmente descartado, o mercado vai tentar buscar pistas sobre as decisões seguintes do Fed, em maio e junho – com maior ênfase na última. “Neste contexto, as falas de Powell sobre inflação e mercado de trabalho – dois dados econômicos que têm se mostrado particularmente resilistes a uma queda – serão escrutinizadas como principais pistas para isso”, destaca Monteiro.
Levando em consideração a continuidade dos ganhos do mercado acionário desde a última reunião do Fed, qualquer movimento suspeito de Powell poderá acarretar uma correção um pouco mais aprofundada, alerta Monteiro. “No entanto, dados um pouco mais positivos para a narrativa do corte de juros, como o núcleo do PCE (tido como a medida preferida de inflação do Fed, uma vez que exclui preços voláteis como alimentação e combustíveis) e uma diminuição na velocidade do aumento dos ganhos médios mensais dos trabalhadores nos EUA, indicam que uma mudança mais profunda na tendência de alta do mercado ainda é improvável”, completa Monteiro.
O especialista aponta ser necessário verificar se Powell vai abordar a situação dos bancos regionais, tendo em vista as falas no Congresso a respeito da expectativa de novas quebras em meio aos juros elevados. Caso Powell demonstre preocupação com a gravidade da situação, a probabilidade de baixa de juros deve ser revisada conforme esta fala.
Projeções econômicas em foco
Como a expectativa do mercado é de que as taxas de juros sejam mantidas no patamar atual nesta semana, analistas estarão atentos aos indicativos da autoridade monetária sobre os cortes no futuro, principalmente ao analisar as projeções econômicas divulgadas com o comunicado do Fed. “Desde a pandemia veio, houve uma grande dispersão de expectativas E de lá para cá, a gente começou a ver uma conversa certa conversão, mas ainda assim ainda dispersa”, completa Alves, que enxerga indicativo de três cortes ao longo do ano.
Em relatório, o ING aponta que ainda que haja poucas perspectivas de uma mudança política iminente, o Fed avalia ser provavelmente apropriado cortar as taxas e mudar a sua posição para mais próxima da taxa neutra ainda este ano, que está atualmente em território restritivo.
O ING lembra que as projeções de dezembro sinalizavam três cortes de 25 pontos-base nas taxas de juros neste ano 2024, com mais cortes de 100 pontos-base previstos para 2025. “Esperamos um conjunto semelhante de projeções na reunião do FOMC de 20 de março com mensagens indicando que o Fed está inclinado a cortar as taxas ainda este ano, mas eles precisam ver mais evidências para justificar essa ação”, completa o ING em relatório divulgado ao mercado, que espera que o ciclo de cortes nas fed funds inicie em junho deste ano.
Diante da dispersão das projeções dos membros do colegiado, o ING afirma que seriam necessários somente dois dos seis membros com alteração de “uma projeção atual de 4,625% para cima ou para baixo para mover o ponto mediano de três cortes de taxas para sinalizar dois ou quatro cortes de taxas em 2024”, completa o ING, que avalia ser mais provável uma mudança de três para dois cortes nas fed funds.
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