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Inflação: Expectativa para nova deflação mensal e volta do IPCA anual a um dígito

Publicado 06.09.2022, 16:21
Atualizado 08.09.2022, 07:24
© Reuters.
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta sexta-feira (09) o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país. A média das estimativas de analistas compiladas pelo Investing.com é de uma deflação mensal de 0,39% em agosto, após recuo de 0,68% em julho. Com isso, o indicador em doze meses voltaria a um dígito e ficaria em 8,72%, contra 10,07% do mês anterior. A divulgação será importante para a tomada de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa de juros em reunião ainda neste mês.

Rafael Pacheco, economista-chefe da Guide Investimentos, acredita que o IPCA de agosto ainda deve apresentar uma queda por conta da redução das alíquotas do ICMS e dos preços de combustíveis pela Petrobras (BVMF:PETR4), mesmo que a variação negativa seja menor do que no último mês. “Nossa projeção é de uma queda de cerca de 0,55% na comparação mensal.  Os componentes transportes e habitação ainda devem apresentar queda, ao mesmo tempo em que a inflação de alimentos deve desacelerar. Do outro lado, os componentes vestuário e saúde e cuidados pessoais devem apresentar aceleração”, pondera.

Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, espera uma deflação de 0,38% devido aos movimentos de preços administrados, com resquícios de mudanças tributárias da energia elétrica, retração do petróleo internacional e diminuições feitas pela Petrobras. Por outro lado, ele discorda sobre os alimentos. “A novidade é uma pressão menor nos bens alimentícios. Os alimentos, que vinham subindo forte até julho devem desacelerar bastante, talvez até virem marginalmente negativos”, aponta. Segundo Costa, os serviços devem subir, mas ainda não serão suficientes para tornar o indicador positivo.

Já a Claritas projeta uma deflação de 0,47%. Para Marcela Rocha, economista-chefe da instituição, os grupos habitação e transportes devem ser os principais fatores para explicar a queda, com recuos na energia elétrica e preços da gasolina. “Importante ressaltar que, apesar de a gente ver uma deflação no mês de agosto, esperamos que a média dos núcleos, que expurgam itens voláteis, marque alta de 0,51%, nível abaixo do de agosto. Mas essas métricas mostram ainda inflação em patamar alto e desconfortável, indicando que a batalha para arrefecer a inflação ainda não está ganha”, avalia.

Novos aumentos de juros em pauta

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se reunir nos dias 20 e 21 de setembro e, ao final do encontro, define se aumenta ou não a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, atualmente em 13,75%. Em agosto, o Copom elevou os juros em 0,50 ponto percentual, mas indicou estar próximo do fim do ciclo de aperto monetário, que iniciou em março de 2021. Naquela época, os juros estavam no patamar mais baixo da história e subiram de 2% para 2,75%.

Agora, em um cenário global de pressões nos preços, com a continuidade da Guerra na Ucrânia, suspensão do gás russo para a Europa e outras medidas, os mercados reagiram a mensagem hawkish de Roberto Campos Neto, presidente do BC, que indicou que a autoridade monetária não pensa em queda de juros neste momento, mas sim em convergir a inflação para a meta. De acordo com Campos Neto, em um cenário global incerto, o Banco Central vai continuar o cuidado com a inflação e grande parte do efeito positivo de deflação recente foi ocasionado devido a medidas criadas pelo governo.

Aumenta a possibilidade de mais um ajuste nos juros – se for o caso, provavelmente em 0,25 ponto percentual.  Nesta terça-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse que o processo de controle do indicador ainda é bem incipiente e deve entrar em pauta um possível ajuste residual na taxa básica de juros.

“Se isso [uma nova deflação] será o suficiente para fazer com que o Banco Central encerre o ciclo de aumento de juros já nessa decisão, ainda não é claro. O cenário inflacionário melhorou nos últimos meses, mas vemos dados do mercado de trabalho apontando para uma recuperação importante, e temos também o impacto do Auxílio Brasil na economia. Nos últimos dias, a comunicação do Banco Central parece apontar para um cenário onde haverá novos aumentos de juros“, completa Costa.

A Claritas concorda que a decisão ainda não é tranquila para o Banco Central e ainda há desconforto da autoridade monetária sobre o andamento da inflação, demonstrando maior cautela. O IPCA de agosto será determinante para a decisão.

LEIA MAIS: Mercado dobra aposta em aumento de 0,25 p.p. do juro pelo BC neste mês

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