(Reuters) - Os mercados financeiros agora veem menos chances de estabilidade da Selic na próxima reunião do Copom, ainda neste mês, e queda dos juros mais distantes, em meio a uma forte correção de preços na curva de DI após declarações de autoridades do Banco Central consideradas duras e indicativo de que o ciclo de alta da taxa pode não ter se encerrado.
Segundo opções digitais da B3 (BVMF:B3SA3), a probabilidade de manutenção do juro básico em 13,75% ao ano no próximo dia 21 caiu de 81% na véspera para 68% nesta tarde. Ao mesmo tempo, a chance de elevação de 0,25 ponto percentual, para 14%, pulou de 15% para quase 30%.
Mais à frente, a taxa de depósito interfinanceiro (DI) de um dia --uma medida do juro trocado entre instituições financeiras, que é muito próximo ao CDI, entre hoje e o vencimento-- sobe até maio de 2023 e começa a cair levemente em junho.
Na segunda-feira, o pico de taxa na curva de DI era alcançado em março. Em outras palavras, o mercado está postergando o início do ciclo de queda da Selic.
Na noite de segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC não pensa em queda de juros neste momento, mas em convergir a inflação às metas, ressaltando que a situação inspira cuidados e que a batalha contra a alta de preços no país não está ganha.
Nesta manhã, o diretor de Política Monetária do Bacen, Bruno Serra, foi ainda mais explícito e disse que o banco discutirá um possível ajuste residual na taxa básica de juros neste mês, acrescentando que o processo de controle inflacionário no Brasil ainda é bem incipiente.
Ambos adotaram tônicas consideradas mais "hawkish", jargão da comunidade financeira que se refere a uma abordagem mais inclinada à contração da política monetária, implicando restrição de liquidez.
(Por José de Castro)