Por David Randall
NOVA YORK (Reuters) - Uma possível renomeação de Jerome Powell para o comando do Federal Reserve proporcionaria uma sensação necessária de estabilidade à medida que o banco central se prepara para reduzir seu apoio emergencial, dizem os investidores, mesmo com alguns criticando o chair do Fed por políticas que eles dizem ter injetado liquidez excessiva nos mercados.
Wall Street espera que Powell, que foi nomeado para o cargo pelo ex-presidente Donald Trump em 2017, seja reconduzido pelo presidente Joe Biden para outro mandato de quatro anos. Seu mandato atual, que termina em fevereiro de 2022, tem se mostrado positivo para ativos de risco: o S&P 500 acumula alta de 71% desde que Powell assumiu o cargo, em 5 de fevereiro de 2018, e tem atingido uma série de novos recordes, ajudado em parte por medidas de emergência que o Fed anunciou em resposta à pandemia de coronavírus.
O governo Biden está discutindo ativamente quem deve ser o chair do Fed, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto, embora a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, tenha se recusado na terça-feira a comentar o cronograma do presidente para tomar uma decisão.
"Temos ficado bastante impressionados com seu trabalho até agora" e com sua "capacidade geral de comunicação com o mercado", disse Anders Persson, diretor de investimentos de renda fixa global da gestora de ativos Nuveen, que disse que Biden ficaria bem servido ao renomear Powell, em parte devido à confiança que ele conquistou entre os investidores ao trabalhar sob dois presidentes.
"Quanto mais clareza e estabilidade conseguirmos, isso é exatamente o que o mercado está procurando", disse Persson.
Embora a liderança do banco central dos EUA seja sempre importante para os mercados, a decisão de Biden ganha importância elevada este ano, pois o Federal Reserve sinalizou que começará a reduzir seus 120 milhões de dólares em compras mensais de títulos até o final do ano. Ao mesmo tempo, o Fed está monitorando um salto histórico da inflação à medida que as cadeias de oferta globais seguem abaladas pela pandemia.
O impacto econômico incerto da onda de casos da variante Delta de coronavírus deve tornar a decisão de Biden de renomear Powell fácil, disse Jack Janasiewicz, estrategista de portfólio da Natixis Investment Managers Solutions.
"Não vejo como dar a ele qualquer coisa além de avaliações positivas", disse Janasiewicz. "Quando você pensa em substituir Powell por outra pessoa, essa falta de continuidade pode despertar preocupações no mercado."
Mercados de apostas como o PredictIt dão a Powell uma chance de 89% de renomeação, seguida por uma chance de 8% de substituição por Lael Brainard, diretora do Fed.
Mas nem todos os investidores aprovam totalmente as ações do Fed desde o início da pandemia, com alguns especialmente preocupados com a inflação.
Jeffrey Gundlach, da DoubleLine, questionou o Fed por não tomar mais medidas para combater o que Powell tem chamado de inflação "transitória". Ao mesmo tempo, investidores proeminentes como Mohamed El-Erian, assessor econômico-chefe da Allianz (DE:ALVG), disseram que as compras contínuas de títulos do Federal Reserve inundaram o sistema com liquidez.
Além disso, nem todos em Wall Street estão convencidos de que Powell será renomeado.
"Acho que as chances estão mais perto de um cara ou coroa, mas não por ele ter feito um trabalho ruim. Acho que ele fez um bom trabalho em circunstâncias difíceis", disse Phil Orlando, estrategista-chefe de mercados de ações da Federated Hermes.
Orlando espera que haja boa chance de Biden substituir Powell como parte de uma série de escolhas progressistas à medida que ele preenche quatro posições que logo estarão disponíveis na diretoria do Fed, de sete membros.
Os mercados provavelmente continuarão a ganhar se Biden nomear Brainard, mas a decisão de escolher outra candidata provavelmente gerará volatilidade de curto prazo devido aos temores de maior controle de bancos e outras instituições financeiras, disse Katie Nixon, diretora de investimentos do Northern Trust Wealth Management.