Por Jessica Bahia Melo e Leandro Manzoni
Investing.com - O núcleo da inflação dos Estados Unidos, medido pelo núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), veio abaixo do esperado pelos mercados em julho, segundo dados divulgados hoje, 10. O resultado do mês passado somou 0,3%, abaixo dos 0,5% esperados e os 0,7% revisados de junho.
Sobre o acumulado do último ano, o núcleo do IPC ficou em 5,9%, também abaixo dos 6,1% previstos, e igual ao resultado prévio revisado de 5,9%. O núcleo do IPC exclui preços voláteis, como commodities e alimentos.
A inflação cheia medida pelo IPC foi de 0% em julho, abaixo dos 0,2% esperados pelo mercado e dos 1,3% revisados do mês anterior.
A inflação na base anual chegou a 8,5%, abaixo dos 8,7% previstos e dos 9,1% anteriores.
Após a divulgação, o dólar no Brasil desabou a cotação, saindo da estabilidade em R$ 5,12 para uma baixa de 1% a R$ 5,0719. O Ibovespa Futuros acelerou para uma alta de 1,4%.
Nos EUA, os contratos do S&P 500 Futuros aceleraram a alta para 1,82%, enquanto do Dow Jones Futuros foi impulsionado para um avanço de 1,3%.
Já o Nasdaq 100 Futuros, índice de tecnologia que é favorecida por uma política monetária menos hawkish do Fed, disparou para uma alta de 2,4%.
O resultado da inflação dos EUA de julho diminui a tendência de o Federal Reserve de ter um tom mais agressivo na política monetária na próxima reunião em setembro. Até ontem, a expectativa era de uma chance de 52% para um aumento de 75 pontos-base da taxa de juros da economia americana. Hoje, a chance diminuiu para 49%, enquanto a chance de uma alta de meio ponto percentual é de 51%, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com.
Resta saber se a continuação do mercado de trabalho, além de o nível de preço ainda permanecer elevado, vai pesar para os diretores do Fed de permanecerem no tom mais agressivo de política monetária. Na última sexta-feira, o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA revelou que 528 mil empregos foram criados em julho, uma aceleração em relação ao número revisado de 398 mil criados no mês anterior, o que levou a taxa de desemprego para 3,5% no mês passado.
Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, afirma que os dados mais fracos na inflação nos EUA tiram a pressão sob o Fed de realizar um aperto monetário tão forte. “Esses dados indicam que a postura não precise ser tão hawkish, abrindo espaço para altas de menor magnitude na taxa básica de juros para as próximas reuniões e, consequentemente, uma taxa final mais baixa”, diz Izac.
Para Leonardo Mendes, economista e sócio da JB3 Investimentos, o primeiro impacto é a continuidade do rally de alta nos mercados internacionais. “A gente acredita que isso vai se refletir ao longo do dia nos EUA e também aqui para o Brasil”, destaca. Ele acredita que com a pressão menor nos juros, o dólar ainda possui espaço para cair mais.
Segundo o analista de macroeconomia da Ativa Investimentos André Coelho, o movimento reflete o alívio global nas commodities. “No que toca a política monetária, os dados de hoje devem contrabalancear o Payroll que veio muito mais fortes semana passada. Apesar do CPI não balizar as decisões de política monetária do Fed, ele é um grande antecedente do PCE, então esse resultado foi importante para segurar as expectativas e diminuir o número de agentes esperando mais uma alta de 75 bps”, completa.