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IPCA: Analistas veem núcleos importantes pressionando abril; dado sai em breve

Publicado 09.05.2022, 15:56
Atualizado 11.05.2022, 07:55
© Reuters.
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Por Jessica Bahia Melo

Investing.com -  O mercado brasileiro volta os olhos nesta-quarta-feira para os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao mês de abril. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga as informações às 9h. A busca é por indícios de quais rumos a inflação vai tomar daqui para frente - o que fatalmente terá reflexo na Selic.

O IPCA de março atingiu 11,30% em 12 meses, enquanto a projeção para abril é de 12,04%. A prévia da inflação, o IPCA-15, alcançou 1,75% no último mês, registrando a maior taxa para o período em 27 anos.

Economistas consultados pelo Investing.com Brasil indicam que núcleos importantes do IPCA devem continuar pressionados. E a manutenção do dólar em patamares altos, após recuo diante de alta volatilidade, também é um fator a ser considerado.

A continuidade da guerra na Ucrânia, lockdown na China, pressões nas commodities e valorização recente do dólar apontaram para a possibilidade de uma inflação acima de 10% em 2022. Caso isso ocorra, será a primeira vez, desde o início do Plano Real, que o Brasil terá inflação em dois dígitos por dois anos seguidos. A projeção da XP Investimentos (SA:XPBR31) é de um IPCA de 7,4%, para 2022, mas que pode "facilmente chegar a 9%", conforme relatório. Já o banco BNP Paribas (EPA:BNPP) estima indicador em 10% - o dobro do teto da meta. 

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destaca que itens de alimentação e combustíveis devem continuar contribuindo para a alta do IPCA. “Principalmente em alimentação, os gastos de subsistência acabam pesando no orçamento de grande parte da população. A boa notícia pode vir da energia elétrica residencial, com expectativa de deflação por volta de 7%. A gente sabe que a conta de energia elétrica é uma parte relevante do orçamento da grande massa”,  reforça. A Veedha estima uma alta mensal de 1,00% e anual de 12,1%. Ao final do ano, a expectativa é de IPCA em 8%.  A situação de lockdown na China pode trazer ainda mais pressão para os preços dos produtos industrializados, além do problema não solucionado dos semicondutores.

Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, acredita que o indicador ainda deve ser pressionado pela forte alta dos alimentos, aumentos dos combustíveis, bens duráveis e industrializados.  “Acreditamos que a acomodação da inflação ocorra nos próximos meses com a queda da energia elétrica e menores aumentos dos preços dos combustíveis. O risco é que como a defasagem da gasolina em relação ao mercado internacional segue elevada, pode haver ter novos reajustes da Petrobras (SA:PETR4) tanto em maio quanto em junho”, pondera. A Western estima uma alta mensal de 0,98% e acredita em uma inflação de 8,1% ao final de 2022.

Para José Francisco Gonçalves, economista do Banco Fator, o IPCA mensal deve atingir 1%, enquanto em 12 meses, 12,03%.  A perspectiva do Fator é um IPCA a 11% ao final de 2022.  “Embora a gente não veja razão para grandes altas de commodities, não vemos para baixa também”, afirma Gonçalves. O economista acredita em um câmbio com real ainda mais desvalorizado, o que pode pressionar mais os preços internamente. Segundo Gonçalves, produção de alimentos in natura, os próximos reajustes nas tarifas de energia elétrica, aumento recente no diesel e pressões no setor de serviços motivam essa expectativa.

E a meta do IPCA?

Desde a adoção do Regime de Metas de Inflação em 1999,  a inflação ficou fora do intervalo de tolerância nos anos de 2001, 2002, 2003, 2015, 2017 e 2021, segundo dados do Banco Central do Brasil. Em 2001, com meta a 4% e limite de 2. p.p, a inflação oficial atingiu ​7,67% ao ano. Em 2002, com meta de 3,5% e banda ainda em 2 p.p., chegou a 12,53%. No ano seguinte, com meta de 4% e bande de 2,5 p.p,, alcançou 9,3%.  

Após anos dentro do teto da meta, voltou a ficar acima do previsto no ano de 2015, quando chegou a dois dígitos, ou 10,67% ao ano, quando a meta era de 4,5% e banda de 2 pontos percentuais. Em 2017, foi a vez de ficar abaixo da meta de tolerância, em 2,95%, mas próxima do intervalo de tolerância de 3% a 6%, quando a meta era 4,5%. Em 2021, o brasileiro experimenta IPCA alto novamente, com 10,06%, enquanto a meta era de 3,75% e intervalo de tolerância de 1,5 p.p.

Neste ano, a meta é de 3,5%, com intervalo igual ao do ano anterior. No momento, o indicador já passou o dobro do teto da meta de 5%.

Sem dados do Banco Central nesta semana

O Banco Central não divulgou o Boletim Focus nesta semana, em meio à greve de servidores da instituição. O último documento divulgado, do dia 02 de maio, mostrou a 16ª alta consecutiva das projeções dos economistas consultados pelo Banco Central. Segundo o relatório, o IPCA deve fechar o ano em 7,89%.

 

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