Investing.com – A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar próxima da estabilidade no mês de agosto, sendo que alguns economistas esperam até uma deflação. Os dados de inflação oficiais serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 10 de setembro, e a expectativa de consenso é de que a variação seja de apenas 0,01%, após 0,38% na leitura anterior. Dessa forma, o índice em doze meses passaria de 4,50% para 4,30%.
A prévia da inflação de agosto (IPCA-15) ficou em 0,19%, sendo que a maior variação, em 0,83%, e o maior impacto, de 0,17 ponto percentual, vieram do grupo transportes. Enquanto isso, o grupo de alimentação e bebidas caiu pelo segundo mês seguido, com deflação de 0,80% e impacto negativo de 0,17 ponto percentual.
Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos e presidente da Apimec, entende que, após indicado na prévia, a leitura cheia de agosto deve apresentar aumentos nos preços dos transportes, “por conta dos combustíveis, especialmente o reajuste da gasolina de 7,11%, amenizado pela queda dos preços das passagens aéreas”. Por outro lado, o grupo alimentação e bebidas deve ter deflação, o que deve contribuir para que o índice seja amenizado. A projeção de Martins é de 0,20% para o IPCA.
O economista do ASA, Leonardo Costa, espera deflação de 0,07%, diante da diminuição no preço da energia elétrica, com fim da cobrança adicional nas contas de luz. “Além disso, há uma aposta na desaceleração da média dos núcleos de inflação, que no mês anterior apresentou um aumento elevado”, detalha.
Os impactos desta leitura do IPCA sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central são pequenos, avalia André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, que espera uma de deflação de 0,04% no mês. “Embora a gente espere uma variação muito baixa ou até mesmo negativa, a inflação acumulada em doze meses continua bem perto do limite superior da meta, que é de 4,5%, deve ficar em torno de 4,3%”.
Além disso, o que tem motivado o Copom recentemente é o nível de atividade econômica do Brasil, completa Galhardo. Com desemprego em baixas históricas e Produto Interno Bruto (PIB) vindo acima das projeções do mercado, a robustez da atividade dá segurança para que o colegiado decida pelo aumento dos juros na reunião finalizada em 18 de setembro, em sua visão.
“Se a leitura era de que o hiato do produto, a diferença entre PIB efetivo e PIB potencial, era pequeno, a hipótese fica mais evidente, o que exigiria da autoridade monetária brasileira uma atitude mais conservadora, de aumento de juros, inclusive para tentar ancorar as expectativas”.
O Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira, 09, mostra que as projeções de economistas consultados pela autarquia é de que a inflação fique próxima do limite superior da meta. As estimativas do Focus indicam um IPCA de 4,30% ao final deste ano, de 3,92% em 2025 e 3,60% em 2026. Ainda que dentro da banda, todas essas projeções ficam acima do centro da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Com expectativas desancoradas, os economistas revisaram suas estimativas para a taxa de juros. Ainda de acordo com o Boletim Focus, a Selic deve subir de 10,5% para 11,25% ao final deste ano e deve ser reduzida novamente em 2025, chegando a 10,25%. As projeções para 2026 seguem em 9,50%.
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