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Juros: taxas sobem pressionadas pelo câmbio e cenário fiscal no radar

Publicado 23.07.2024, 15:07
Juros: taxas sobem pressionadas pelo câmbio e cenário fiscal no radar

Os juros futuros subiram nesta terça-feira, 23, afetados pela aversão a risco que penalizou ativos de economias emergentes em geral, por sua vez, decorrente das perdas das commodities. Num dia sem agenda relevante ou destaques no noticiário, as taxas acompanharam de perto o movimento do câmbio, com o dólar chegando novamente a tocar os R$ 5,60 nas máximas, ainda que os Treasuries hoje estivessem bem comportados.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,670% ,de 10,661% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,50%, de 11,39%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,77% (de 11,63%) e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 12,08% (de 11,93%).

A terça-feira foi de noticiário e calendário esvaziados no Brasil, o que deslocou para o exterior a atenção do mercado de juros, que também vem sofrendo com a liquidez mais fraca durante o mês de julho, com muitos players em férias. "Não tem destaques no noticiário. Hoje é um dia ruim para ativos emergentes, que sofrem com o 'flight to quality' em função da queda das commodities", afirmou o economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano. "A liquidez baixa também acaba afetando a dinâmica", acrescentou.

Moedas emergentes como um todo apanharam do dólar, que no Brasil bateu máxima nos R$ 5,60 logo pela manhã para fechar em R$ 5,5863 no segmento à vista. A divisa americana voltou a flertar com esta marca no período da tarde, levando as taxas a acelerarem o avanço para mais de 15 pontos-base nos vencimentos longos. O recuo das matérias-primas - petróleo caiu quase 2% e o minério, mais de 3% - também respondeu pela queda do Ibovespa.

O cenário fiscal segue sendo monitorado, com os investidores agora desconfiados de que o alvo do governo este ano não seja mais o resultado neutro e sim a banda que autoriza déficit de até 0,25%. Ontem, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, disse que a equipe econômica buscará o "melhor resultado possível" para a meta e evitou se comprometer sobre mirar o centro. "Qualquer resultado dentro da banda significa sim o cumprimento da meta, ainda que seja no limite da banda", disse Ceron.

O sócio e economista-chefe da JFTrust, Eduardo Velho, afirma que o cenário fiscal ainda precisará de mais bloqueios nas despesas até dezembro. Ontem, no terceiro relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas, o governo reviu a estimativa de déficit para R$ 32,6 bilhões, ante R$ 14,5 bilhões no documento de maio. Por isso, anunciou bloqueio R$ 3,8 bilhões, para que o déficit seja limitado aos R$ 28,8 bilhões (0,25% do PIB). Haverá ainda R$ 11,2 bilhões de contingenciamento, totalizando R$ 15 bilhões de contenção.

"Com ou sem desconto da tolerância da banda fiscal, o déficit primário pleno (incluindo os gastos públicos com o Rio Grande do Sul) deve superar a faixa de R$ 80 bilhões e isso será mais dívida pública federal e rigidez do dólar", afirma Velho.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries oscilaram ao redor da estabilidade, enquanto o mercado aguarda a oficialização de Kamala Harris para substituir Joe Biden como candidato democrata à presidência. A vice de Biden conseguiu apoio suficiente de delegados para garantir sua nomeação e já aparece ligeiramente à frente do republicano Donald Trump em pesquisas relâmpago de intenções de votos. No fim do dia, a taxa da T-Note de dez anos estava em 4,249%.

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