SANTIAGO DE COMPOSTELA, Espanha (Reuters) - O Banco Central Europeu ainda pode aumentar os custos dos empréstimos, se necessário, disse a autoridade do BCE Martins Kazaks nesta sexta-feira, contrariando algumas apostas do mercado de que as taxas de juros da zona do euro começarão a cair em meados do ano que vem.
O BCE elevou sua taxa básica de juros para um recorde de 4% na quinta-feira, mas, com a economia da zona do euro vacilando, sinalizou que seu décimo aumento consecutivo provavelmente foi o último --o que levou investidores a aumentar as especulações sobre os cortes nas taxas.
Kazaks, presidente do banco central da Letônia, rejeitou a noção, popularizada por especialistas do mercado, de que a decisão do BCE foi um "aumento dovish", inclinado a uma postura mais branda no combate à inflação alta.
"Estou confortável com o nível atual das taxas e acho que estamos no caminho certo para chegar a 2% (de inflação) no segundo semestre de 2025", disse ele à Reuters, nos bastidores de uma reunião de autoridades de política financeira da União Europeia em Santiago de Compostela, na Espanha.
"Mas se os dados nos disserem que precisamos de outro aumento, nós o faremos."
Os mercados monetários precificam uma pequena chance de um corte de juros já em abril e esperam totalmente uma redução de 0,25 ponto percentual até julho de 2024.
"Os mercados precisam tomar uma posição, mas (um aumento da taxa em abril) é inconsistente com nosso cenário macro", disse ele. "Dissemos claramente que permaneceremos em território restritivo pelo tempo que for necessário para levar a inflação a 2%."
Entretanto, antes que as taxas possam ser cortadas, o BCE precisa tomar uma decisão sobre a retirada de parte do dinheiro que injetou no sistema bancário na última década, quando a inflação estava muito baixa, por meio de vários programas de compra de títulos.
"Há um excesso de liquidez que precisa ser removido e teremos que discutir isso", disse ele. "Isso precisa acontecer antes que as taxas sejam reduzidas."
(Por Francesco Canepa)