CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Mais de mil juízes e magistrados do México votaram para se unir a uma greve nacional sem prazo para acabar, iniciada na segunda-feira, em protesto contra um plano do governo para reformar o judiciário.
A Associação Nacional de Magistrados e Juizes Distritais, que representa 1,4 mil juízes e magistrados do México, disse no fim da segunda-feira que seus membros vão participar da greve na quarta-feira, depois de uma vitória acachapante em favor do protesto.
A reforma do judiciário prevê que juízes -- incluindo aqueles na suprema corte -- sejam eleitos por voto popular. Ela é uma prioridade do presidente Andres Manuel Lopez Obrador, que está em fim de mandato.
Os mercados se mostraram refratários à proposta, sob suspeita de que a mudança poderia erodir o sistema de pesos e contrapesos sobre o poder presidencial e poderia representar a captura do judiciário pelo executivo.
Nesta terça-feira, Lopez Obrador classificou a greve como "ilegal" e insinuou que os juízes eram corruptos, enquanto falava em sua tradicional coletiva de imprensa matinal.
"Com toda franqueza e respeito, diria a eles que [a greve] pode nos ajudar, já que se os juízes, magistrados e ministros não estão trabalhando, pelo menos temos a garantia de que eles não estão ajudando o crime organizado a sair impune", disse.
Os sindicatos que entraram em greve representam fatia representativa dos 55 mil trabalhadores do setor. Eles afirmam que as reformas acabariam com os planos de carreira baseados em mérito.
(Por Ana Isabel Martinez, Raul Cortes e Laura Gottesdiener)