Por Jessica Bahia Melo
Investing.com - Apesar de a inflação americana ter apresentado um resultado abaixo do consenso em agosto, o economista Lawrence Summers afirma que a preocupação continua, principalmente com os preços do mercado imobiliário em níveis recorde. Summers comentou sobre a política econômica americana nesta terça-feira (14), durante evento realizado pelo BTG Pactual (SA:BPAC11).
Summers é professor de economia em Harvard, foi vice-presidente de desenvolvimento econômico e economista-chefe do Banco Mundial, Secretário do Tesouro durante o mandato do presidente Clinton e diretor do National Economic Council (NEC) durante a gestão de Obama.
O economista citou estudo de agosto do Federal Reserve de Nova York que mostra que os consumidores americanos veem a inflação daqui a um ano em 5,2%. A meta estabelecida pelo FED, que atua com duplo mandato (inflação e emprego) é de 2%.
Tapering
Hoje, os dados da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que subiu 0,3% em agosto, sinalizaram a favor das últimas falas de Jerome Powell. Na base anual, o indicador acumulou alta de 5,3%, mas o FED acredita que a inflação é transitória e se mostrou comprometido com o pleno emprego.
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O Payroll, que traz dados relativos à criação de emprego nos EUA, apontou a abertura de 235 mil novas vagas em agosto - o pior resultado nos últimos sete meses. A expectativa é que o Federal Reserve inicie a retirada dos estímulos (tapering) conforme a evolução do mercado de trabalho.
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Summers, no entanto, vê a situação com mais cautela e acredita que, mais cedo ou mais tarde, o FED vai ter que agir em relação ao aquecimento da demanda. E, se for tarde demais, os efeitos serão mais prejudiciais – inclusive para os mercados emergentes, se o FED precisar subir demais os juros. “Quanto mais devagar responderem em curto prazo, por mais tempo vão ter que responder depois”, acredita.
Questionado sobre as possíveis motivações para a demora na retirada de estímulos e aceitação dos riscos com essa decisão, Summers ressaltou a dedicação e comprometimento dos membros do FED, mas disse que os tomadores de decisão tendem a preferir errar com decisões novas a falhar com medidas antigas.