WASHINGTON (Reuters) - Os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram de forma sólida em dezembro, com o maior aumento anual da inflação em quase quatro décadas, o que pode reforçar as expectativas de que o Federal Reserve começará a elevar os juros já em março.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,5% no mês passado, após alta de 0,8% em novembro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira. Nos 12 meses até dezembro, o índice subiu 7,0%, maior avanço anual desde junho de 1982, após aumento de 6,8% em novembro.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% para o índice no mês e salto de 7,0% na base anual.
A economia norte-americana está enfrentando uma inflação alta à medida que a pandemia de Covid-19 obstrui as cadeias de abastecimento. O alto custo de vida está pesando no índice de aprovação do presidente Joe Biden.
A inflação nos EUA está bem acima da meta de 2% do Fed e também está sendo elevada por pressões salariais iniciais. O governo norte-americano informou na última sexta-feira que a taxa de desemprego caiu a uma mínima em 22 meses de 3,9% em dezembro, sugerindo que o mercado de trabalho está no pleno emprego ou próximo a ele.
"A lista de razões para o Fed começar a remover sua política monetária expansionista está crescendo", disse Ryan Sweet, economista sênior da Moody's Analytics. "A inflação precisaria desacelerar rapidamente para tirar parte da pressão sobre o Fed e é improvável que isso ocorra."
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,6% no mês passado, após alta de 0,5% em novembro.
Nos 12 meses até dezembro, o chamado núcleo do índice de preços ao consumidor acelerou a 5,5%. Esse foi o maior ganho anual desde fevereiro de 1991, após avanço de 4,9% em novembro.
O núcleo da inflação está sendo impulsionado pelo aumento dos preços de serviços como aluguéis e bens escassos, como veículos. A taxa do núcleo do índice em relação a um ano antes deve atingir o pico em fevereiro.
"O primeiro trimestre deve observar um pico de inflação, com preços menores de energia e um declínio na inflação de alimentos e automóveis permitindo uma alta mais lenta dos preços para o restante do ano", disse David Kelly, estrategista-chefe global do JPMorgan (NYSE:JPM) Funds em Nova York.
(Por Lucia Mutikani)