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Projeções de economistas para Selic superam 13% com guerra e pressão de commodities

Publicado 10.03.2022, 17:28
Atualizado 11.03.2022, 08:29
© Reuters. Moedas de real
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Por Luana Maria Benedito e José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - A deterioração das expectativas inflacionárias na esteira do choque de preços das commodities com a guerra na Ucrânia tem forçado analistas a promover uma revisão generalizada dos cenários para os preços e taxas de juros, que deverão subir mais e por mais tempo, com impactos colaterais sobre a atividade econômica.

A decisão da Petrobras (SA:PETR4) de elevar os preços do diesel em cerca de 25% em suas refinarias e da gasolina em quase 19% pegou alguns no mercado de surpresa, e esses agentes financeiros já estão preparando novas revisões nos prognósticos para o IPCA.

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Diante da disparada das expectativas de inflação, já há quem veja inclusive o Banco Central mantendo o ritmo de alta de 1,50 ponto percentual da Selic na próxima semana, contrariando sinalização de aperto menor dada em sua reunião de política monetária anterior, em fevereiro.

As mudanças de cenários por parte de instituições financeiras ocorrem em momento bastante delicado, com a guerra da Rússia na Ucrânia deprimindo o sentimento global, impondo fortes perdas a alguns ativos de risco e colocando os bancos centrais contra a parede, em meio a temores de uma estagflação --o pior dos mundos em se tratando de ciclos econômicos.

No Brasil, o rali internacional dos preços do petróleo reativou movimentações em torno de medidas para aliviar os preços dos combustíveis no ano eleitoral, o que voltou a acender alguma desconfiança do lado fiscal. Os juros futuros na B3 (SA:B3SA3) dispararam nos últimos dias, e as ações da Petrobras sofreram um tombo recentemente em meio a debates lidos no mercado como novos riscos de ingerência na política de preços da estatal.

O Banco Central anuncia sua decisão de política monetária na próxima quarta-feira, dia 16. O juro básico está em 10,75% ao ano.

Veja algumas das instituições financeiras que ajustaram recentemente suas estimativas para inflação e juros:

CREDIT SUISSE

Entre os bancos com as estimativas mais elevadas para o patamar dos juros básicos ao fim deste ano está o Credit Suisse (SIX:CSGN), que revisou nesta semana sua projeção a 13,25%, sobre 12,75% anteriormente.

A expectativa de maior agressividade do Banco Central na política monetária é justificada pela inflação elevada, que segundo o banco suíço chegará a 7,0% em 2022, aumento de 0,8 ponto percentual em relação a cenário anterior e bem acima do teto da meta de 5%.

A revisão do Credit Suisse já incorpora o impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia, com a avaliação de que o aumento de preços de alimentos e gasolina em decorrência da guerra vai mais do que compensar a redução do IPI no Brasil.

E o banco ainda vê riscos altistas para as previsões, que incorporaram uma redução apenas parcial da defasagem dos preços de combustíveis. "Um reajuste total nos preços dos combustíveis, por exemplo, elevaria nossa projeção para 7,8%" e "os preços das commodities podem continuar subindo no mercado internacional".

JPMORGAN

O JPMorgan (NYSE:JPM) elevou nesta quinta-feira de 6% para 6,5% sua projeção para o IPCA neste ano, citando impacto da alta acima do esperado nos preços dos combustíveis anunciados pela Petrobras. Nas estimativas do banco, a magnitude maior do que a esperada adiciona cerca de 15 pontos-base às previsões para o IPCA de 2022.

Além disso, a inflação será ainda pressionada pela expectativa de fortes altas nos preços de produtos agrícolas, conforme cenário da equipe de análise de commodities do banco, o que empurrará a inflação de alimentos no Brasil para 10,9% em 2022, de 9,4% do prognóstico anterior.

"Observe que não fizemos uma revisão ainda maior porque o choque positivo nos termos de troca do Brasil vem mantendo a taxa de câmbio mais valorizada do que imaginávamos, ajudando a aliviar as pressões inflacionárias", disse o banco em relatório, avaliando que o IPCA de fevereiro, a ser divulgado nesta sexta-feira, será importante para ajustar as estimativas de inflação de curto prazo.

BNP PARIBAS

O banco francês espera Selic ainda mais alta, acima dos 13%.

"Esperamos que o Banco Central do Brasil leve a taxa de juros para um nível ainda mais contracionista, e agora projetamos um aumento de 100 pontos-base em março, 100 pontos-base em maio e 50 pontos-base em junho, empurrando a taxa Selic para 13,25% em 2022", disse o banco em relatório desta semana.

O banco privado antes estimava Selic de 12,25% ao fim do ano e agora vê corte de juros apenas no segundo trimestre de 2023, indo a 10,5% ao fim do próximo ano (9,5% previsto anteriormente).

O juro mais alto será para debelar a inflação mais elevada. O BNP passou a estimar IPCA de 7,0% em 2022, de 6,0% antes. A projeção para 2023 foi mantida em 4,0%. Ambos os números estão acima dos objetivos perseguidos pelo Bacen: 3,50% para 2022 e 3,25% para 2023, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

BANK OF AMERICA

O Bank of America (NYSE:BAC) também levou em consideração a disparada das commodities ao aumentar de forma expressiva sua conta para a alta do IPCA neste ano. Em relatório desta semana, o banco norte-americano passou a ver a inflação em 6,5%, 1,5 ponto percentual acima da estimativa anterior.

Segundo o BofA, o conflito entre Rússia e Ucrânia "acrescentará pressão às dinâmicas de inflação já persistentes", embora veja algum alívio decorrente da recente valorização do real. O cenário impulsionou sua projeção para a taxa Selic a 13,25% ao fim deste ano, igual à do Credit Suisse, ante 12,25% projetados antes.

UBS BB

O UBS BB (SA:BBAS3), que também elevou seus prognósticos, vê a disparada nos preços da energia e de commodities agrícolas adicionando pelo menos 1,2 ponto percentual à inflação de 2022, o que potencialmente levaria a aumento nas expectativas de inflação para o longo prazo.

Assim, os economistas do banco agora veem o BC mantendo o ritmo de alta de juros em 150 pontos-base na próxima semana, o que levaria a Selic a 12,25%.

"Acreditamos firmemente que se o Comitê reduz seu ritmo de aperto, há uma forte chance de um revisão em alta para as expectativas de inflação para 2023 (para 2022, isso provavelmente acontecerá entre esta semana e a próxima semana de qualquer maneira). A estratégia escolhida não deve ser igual à de antes da guerra, dada a significativa mudança de cenário", disseram os economistas Alexandre de Azara, Fabio Ramos e Rodrigo Martins em relatório.

Eles projetam Selic terminal de 13,75%, contra 12,50% do cenário anterior. O UBS BB passou a ver IPCA de 5,7% neste ano (de 4,5% antes) e "pelo menos" 20 pontos-base mais alto para 2023.

CITI

O Citi vê a Selic em patamar abaixo de 13% ao fim de dezembro, mas não contraria a ampla expectativa de que a inflação ultrapassará o objetivo oficial em 2022.

Em relatório desta quinta-feira, o Citi afirmou que sua estimativa atual para a alta do IPCA no ano, de 5,8% (patamar já bem acima da meta), terá de ser ajustada para cima de forma "substancial". "Teremos que ajustar não apenas nossa expectativa para os bens comercializáveis ​​(vinculados aos preços mais altos das commodities), mas também para os não comercializáveis ​​(serviços, etc.)".

A perspectiva atual do Citi é de que a Selic chegue a 12,75% ao fim deste ano, visão compartilhada pela XP (SA:XPBR31).

XP

A instituição financeira também baseia sua estimativa para os juros básicos na projeção de que a alta do IPCA ultrapassará o teto da meta em 2022.

A XP espera inflação de 6,2% para o fim do ano, alta de 1 ponto percentual ante o cenário anterior, já que, "para o Brasil, o choque global (da crise da Ucrânia) significa inflação mais persistente, especialmente de alimentos e energia".

BARCLAYS

Embora não tenha por ora revisado sua projeção para os juros, o Barclays (LON:BARC) reconhece que o ciclo de aperto monetário pode prosseguir além da atual projeção de taxa terminal de 12,25%, que seria alcançada em maio, dependendo de como as expectativas de inflação de 2023 se afastarem ainda mais da meta de 3,25%. O banco, contudo, elevou o prognóstico para a alta do IPCA em 2022 de 5,3% para 5,8%.

"Continuamos esperando um crescimento fraco de 0,3% neste ano, influenciado por uma política monetária muito apertada, indicadores de confiança fracos e níveis ainda altos de incerteza geral, não apenas no mercado interno devido ao próximo ciclo eleitoral, mas também externamente devido a eventos geopolíticos desafiadores", disse em nota recente Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil do Barclays.

SANTANDER ASSET

A Santander (SA:SANB11) Asset, por sua vez, espera que o IPCA encerre o ano em alta de 5,9%, com a Selic devendo chegar a 12,25%. As previsões anteriores eram de inflação de 5,4% e juros a 11,75%.

Sinalizações mais duras do Banco Central na ata de sua última reunião de política monetária e a persistência da inflação justificaram uma revisão, que, segundo a Santander Asset, tem "viés altista". Para 2023, a projeção para o IPCA foi mantida em alta de 3,7%.

FGV IBRE

André Braz, coordenador do IPC do FGV Ibre, projeta que o IPCA para fevereiro fique em torno de 0,85%, 0,90%, impulsionado principalmente pelo reajuste de mensalidades escolares e alimentos in natura.

Consequências do reajuste dos combustíveis e da guerra na Ucrânia só devem ser sentidas em março, de acordo com ele. Os reajustes de gasolina, diesel e gás devem somar 0,75 ponto percentual ao IPCA nos próximos 30 dias.

"Então, a inflação neste ano, que no meu radar estava em torno de 6,2%, agora vai para algo em torno de 7,5%. Tem muita água para passar por debaixo da ponte, mas essa é uma estimativa com base no que a gente está vivendo neste momento."

BANCO INTER

© Reuters. Moedas de real
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter (SA:BIDI4), divulgará oficialmente os ajustes nas estimativas para o IPCA na sexta-feira, mas ela adiantou que o impacto da alta dos combustíveis deve ser próximo de 0,8 ponto percentual, e o IPCA de 2022 pode ficar em 6,2%.

"Mas cenário ainda é de muita incerteza. Alem dos choques, que podem ser revertidos, temos o efeito da política monetária restritiva, que ainda não foi sentido", disse em postagem no Twitter.

(Reportagem adicional de André Romani e Victor Borges)

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