Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
WASHINGTON (Reuters) - Os riscos para o mercado de trabalho aumentaram, mas ainda é muito cedo para se comprometer com cortes na taxa de juros, com mais dados antes da próxima reunião do Federal Reserve e com a expectativa de que a inflação ainda cresça nos próximos meses, disse o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, nesta quinta-feira.
Bostic, em comentários a um grupo empresarial da Flórida, disse que ainda acha que um corte de 0,25 ponto percentual na taxa é provavelmente tudo o que será apropriado neste ano, mas "na verdade, vamos obter muitos dados sobre a inflação, sobre o que está acontecendo em termos de emprego".
"O relatório de emprego apontou que o risco no lado do emprego é muito maior do que vinha sendo... Definitivamente, estarei analisando com cuidado."
O Fed se reunirá em 16 e 17 de setembro e a expectativa é de que reduza a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, depois de mantê-la inalterada na faixa atual de 4,25% a 4,5% nas últimas cinco reuniões. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem insistido em reduções profundas e imediatas dos juros.
O crescimento do emprego desacelerou e a taxa de desemprego aumentou em julho, e novos dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho do Departamento do Trabalho mostraram um grande rebaixamento dos ganhos de emprego dos meses anteriores, um desdobramento que levou Trump a demitir a chefe da agência.
Bostic disse que o tamanho das revisões o levou a repensar sua visão dos riscos enfrentados pela economia, mas que suas preocupações com a inflação -- e a incerteza sobre os impactos tarifários futuros -- deixaram sua visão de política monetária inalterada por enquanto. Ele disse que pode levar até meados de 2026 para que empresas respondam totalmente às mudanças nas tarifas, deixando os riscos para a inflação sem solução.
"Minha perspectiva para a economia é que ela continue a desacelerar", disse Bostic, mas a questão de saber se as tarifas causarão apenas uma rodada única de aumentos de preços ou se levarão a pressões mais persistentes sobre os preços "talvez seja a questão mais importante que temos hoje".
Bostic disse que ainda teme que o debate sobre as tarifas possa redefinir as expectativas do público de forma a aumentar os preços, e também destacou que, se as tarifas começarem a remodelar as cadeias de suprimentos globais, afastando-as de produtores de baixo custo como a China, como o governo diz esperar, isso pode levar a uma inflação estruturalmente mais alta.
"Será que o modelo dos livros didáticos se encaixa no ambiente atual?", disse Bostic, referindo-se aos modelos econômicos que mostram as tarifas alterando os preços uma vez, mas não de forma persistente. "Acho que há razões bastante convincentes que sugerem que devemos ser um pouco céticos com relação a isso."