Vendas no varejo do Brasil caem mais do que o esperado em novembro

Publicado 09.01.2025, 09:02
Atualizado 09.01.2025, 10:00
© Reuters. 08/07/2021. REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - As vendas varejistas no Brasil interromperam dois meses seguidos de ganhos e caíram mais do que o esperado em novembro, mês das promoções da 'Black Friday', reforçando o cenário de perda gradual de força da economia no final do ano passado.

Em novembro as vendas no varejo registraram queda de 0,4% sobre outubro na série com ajuste sazonal, em resultado pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,2%.

Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que, na comparação com mesmo mês do ano anterior, houve alta de 4,7%, contra expectativa de avanço de 4,3%..

O varejo teve um ano de 2024 amplamente positivo, com retrações apenas em três meses, embora com ganhos baixos em alguns momentos. Em outubro, o comércio varejista alcançou o patamar recorde da pesquisa do IBGE.

O mercado de trabalho aquecido, a expansão do crédito e o aumento da renda favoreceram o setor, que no entanto enfrenta agora aperto monetário e redução do impulso fiscal, e deve acompanhar uma desaceleração esperada na economia.

A taxa básica de juros Selic foi elevada em dezembro a 11,25%, e o Banco Central já indicou duas novas altas de 1 ponto percentual nas próximas reuniões.

"A queda de 0,4% vem depois de duas altas, o fato é que o varejo cresceu muito e rápido no primeiro semestre e uma acomodação no segundo semestre era natural e esperada", disse o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

Entre as oito atividades pesquisadas na pesquisa do IBGE sobre o varejo, cinco tiveram resultados negativos em novembro sobre outubro -- Móveis e eletrodomésticos (-2,8%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-2,2%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,0%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%).

Santos ponderou que a queda da venda de móveis e eletrodomésticos veio após uma alta intensa em outubro, que ele atribuiu à antecipação de promoções relacionadas à Black Friday.

© Reuters. 08/07/2021. REUTERS/Amanda Perobelli

Na outra ponta, apresentaram aumento nas vendas em novembro Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,5%), Combustíveis e lubrificantes (1,5%) e Tecidos, vestuário e calçados (1,4%).

No comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas retraiu 1,4% em novembro sobre outubro.

"Esses resultados evidenciam uma desaceleração em ritmo bem lento, com o desempenho permanecendo bem positivo na comparação anual. O setor de comércio segue próximo de seus níveis recordes", disse Igor Cadilhac, economista do PicPay.

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