Investing.com - O dia negativo no exterior não abalou os investidores locais que aproveitaram as fortes quedas dos últimos pregões para buscarem oportunidades de compras, especialmente no setor financeiro.
O Ibovespa chegou a superar os 72 mil pontos no intraday depois de ter fechado ontem baixo dos 70 mil pontos pela primeira vez desde agosto de 2017. O índice encerrou a sessão a 71.394 pontos, alta de 2,26%.
O setor de maior destaque do dia foi o financeiro com ganhos de 4,5% no IFNC, com todos os componentes no positivo à exceção do IRB Brasil (SA:IRBR3). Essa foi a maior alta diária do índice desde janeiro.
O Banco do Brasil (SA:BBAS3) liderou os ganhos ao disparar 7% e deixar a mínima desde de novembro de 2016 registrada no fechamento do pregão de segunda-feira. A ação registra uma perda de 40% frente à máxima atingida em março. O Santander (SA:SANB11), Bradesco (SA:BBDC4) e Itaú (SA:ITUB4) subiram 5%.
O dia foi de fortes ganhos para a Petrobras (SA:PETR4), que se descolou do pessimismo do mercado de petróleo e avançou 6,3% a R$ 15,42. Além do dia positivo do mercado doméstico, os investidores aguardam a votação ainda hoje do projeto que autoriza a transferência para outras empresas de até 70% dos direitos de exploração na cessão onerosa. Essa liberação poderá viabilizar o leilão dessas áreas, o que geraria receita para o governo transferir para a empresa na repactuação da cessão onerosa.
A Vale (SA:VALE3) não conseguiu acompanhar o otimismo e recuou com a pressão das commodities chinesas em meio à imposição de tarifas ao país pelo governo dos EUA. A mineradora recuou 1,85%, enquanto a Gerdau (SA:GGBR4) perdeu 0,4%. A Usiminas (SA:USIM5) subiu 1,8%, Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) ganhou 2,3% e a CSN (SA:CSNA3) valorizou 1,5%.
O dólar registrou leve alta de 0,1% a R$ 3,7443 em dia sem atuação extraordinária do BC. O índice dólar avança 0,25% para 94,65.
O mercado de juros futuro mostrou alívio no dia otimista interno e na expectativa pelo Copom amanhã. O contrato com vencimento em janeiro de 2019 caiu 0,125 p.p. para 7,03%. Já o papel para janeiro de 2020 recuou 0,190 p.p., para 8,60%, e o de janeiro de 2021 perdeu 0,160 p.p. para 9,60%.
O risco Brasil medido pelo CDS de 5 anos subiu para 275,8 pontos, contra 269,1 pontos registrados ontem. No mês, o indicador subiu 35,8%.
No exterior, o dia foi de perdas com nova ameaça norte-americana de sobretaxar os produtos chineses, o que elevou o tom da guerra comercial que vem sendo gerada entre os países. O Dow 30 perdeu 1,15% para 24.700 pontos, enquanto o S&P 500 cedeu 0,4% para 2.762 pontos e o Nasdaq recuou 0,28% para 7.725 pontos.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta quarta-feira:
1. Copom trará novas surpresas?
O Comitê de Política Monetária do Banco Central encerra nesta quarta-feira (20/6) sua reunião e a expectativa majoritária do mercado é de manutenção da Selic em 6,5% ao ano. O encontro ocorre em meio à pressão cambial que fez o dólar superar os R$ 3,95 no começo do mês, desencadeando uma atuação mais agressiva do banco para controlar a volatilidade do mercado e oferecer liquidez.
Os analistas aguardam com atenção o comunicado publicado após a reunião, que poderá trazer indicações de como o BC está vendo a volatilidade no mercado de câmbio e seu o impacto na inflação. Um tom mais pessimista do banco poderá provocar apostas em uma alta dos juros antes do projetado pelo mercado. Enquanto analistas não veem o juros subindo antes de meados de 2018, o mercado futuro de juros aponta Selic de 7% no começo de 2019.
“Até aqui, o BC tem reforçado a mensagem de que não há relação mecânica entre o câmbio e a política monetária”, dizem em relatório economistas do Bradesco.
O Itaú não fechou as portas para uma revisão futura dos juros. “Entendemos que a postura da política monetária continuará sensível à dinâmica da taxa de câmbio e, em especial, de seu impacto nos dados de inflação subjacente e expectativas de inflação”, disse o banco.
Além do impacto do dólar na inflação, os diretores também deverão avaliar a repercussão da greve dos caminhoneiros que pressionaram os índices de preço no final de maio e reduziram o otimismo com o crescimento do PIB para 2018.
Vale ressaltar que as duas últimas reuniões do Copom trouxeram surpresas ao mercado. Em março, o BC surpreendeu ao reduzir a Selic a 6,5% ao ano e adiantar novo corte na reunião de maio. Esta última, contudo, não se confirmou e, novamente, surpreendeu os analistas.
2. Câmara retoma votações
O mercado deverá repercutir amanhã qualquer mudança no plano original do governo de aprovar medidas positivas para a economia ainda nesta terça-feira à noite no Congresso.
Os deputados deverão avaliar a proposta que permite a Petrobras vender seus direitos de exploração em áreas da cessão onerosa. O projeto abre caminho para que o governo realize leilões das áreas, que poderão render até R$ 100 bilhões aos cofres públicos.
A arrecadação desse certame poderá viabilizar o pagamento do acerto entre a petroleira e o governo na repactuação da cessão onerosa, vista como um dos principais drivers para impulsionar as ações da companhia. Mais cedo, a Bloomberg noticiou que o Planalto quer concluir o repasse ainda este ano para viabilizar o cumprimento do teto de gastos em 2019.
Outro item na pauta de hoje são os destaques do cadastro positivo, cujo texto base foi aprovado em 9 de maio.
Os dois principais destaques pretendem manter o cadastro positivo como uma opção do consumidor e evitar o envio de informações financeiras aos gestores de banco de dados sem quebra de sigilo bancário. Eles são de autoria do PT e do PSOL.
Os defensores da obrigatoriedade de participação argumentam que a medida ajudará a baixar os juros finais aos consumidores. Já os contrários dizem que o acesso aos dados aumentará a chance de vazamento de informações, caracterizando quebra de sigilo.
3. Powell, Vendas de Casas, Guerra Comercial e Petróleo no exterior
Embora o desenrolar da guerra comercial provavelmente domine o sentimento das bolsas, novos dados que apoiem a narrativa do Federal Reserve de uma forte economia dos EUA podem mexer com os mercados.
Às 12h, serão publicados os dados de vendas imóveis residenciais usados e a expectativa é de um aumento de 1,5% em maio, para 5,55 milhões de unidades, em comparação com os 5,46 milhões de unidades do mês anterior.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deverá discursar sobre política monetária e mercado de trabalho no fórum organizado pelo Banco Central Europeu, em Portugal. O encontro terá ainda o fala do presidente do BCE, Mario Draghi; do presidente do BoJ, Haruhiko Kuroda; e do governador do banco central da Nova Zelândia, Philip Lowe.
No radar, os investidores seguirão acompanhando a guerra comercial e a troca de ameaças entre os EUA e a China. A analistas do JP Morgan, porém, acham improvável que as tarifas mais recentes do presidente Trump fossem colocadas em prática, já que prejudicariam as empresas norte-americanas.
Às 11h30, a agência de energia dos EUA deverá publicar os dados de estoques de petróleo da semana encerrada em 15 de junho. A expectativa do mercado é que o relatório mostre uma redução pela segunda semana consecutiva.
As projeções dos analistas são de recuo de 1,898 milhão de barris nos estoques de petróleo. Os de gasolina deverão apresentar alta de 0,188 milhão de barris, enquanto os demais óleos combustíveis deverão mostrar queda de 0,164 milhão de barris.
Mais cedo, o grupo privado API mostrou recuo de 3,106 milhões de barris nos estoques de petróleo.
Com Arena do Pavini
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