Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve o maior lucro de sua história no primeiro trimestre, num resultado impulsionado por receitas extraordinárias com a venda de fatias detidas em gigantes como Petrobras (SA:PETR4) e Vale (SA:VALE3).
O banco de fomento anunciou nesta terça-feira que teve lucro de 11,1 bilhões de reais de janeiro a março, um salto de 437 por cento ante mesma etapa de 2018, e o maior da série história iniciada em 2002.
Só com a venda de participação na Fibria (SA:FIBR3), que foi incorporada pela Suzano (SA:SUZB3) no começo do ano, foram contabilizados 8 bilhões de reais.
As vendas de ações, concentradas no braço de participações do banco, BNDESPar, somaram 9,3 bilhões de reais, incluindo também participações em empresas como Vale, Grupo Rede e Petrobras, além de Marfrig (SA:MRFG3) e JBS (SA:JBSS3).
Com a venda de ações da Petrobras, a participação do BNDES na companhia caiu de 15% para 13,9%.
"Isso teve reflexo no nosso balanço", afirmou a jornalistas o presidente do BNDES, Joaquim Levy, a jornalistas.
No trimestre, o BNDES começou a receber também do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) 500 milhões de reais referentes a calotes dados por outros países no banco. Na última década, construtoras do país fizeram obras no exterior com financiamento do BNDES.
"Boa parte desses 500 milhões são de Venezuela", disse Levy.
Esses resultados compensaram com sobras o efeito da queda da receita do BNDES com operações de crédito, diminuiu em razão da redução no volume da carteira.
De todo modo, Levy disse que a meta para de desembolsos esse ano, de 70 bilhões de reais, pode ser revista para cima. Em 2018, os empréstimos do BNDES caíram pelo quinto ano seguido, para 69,3 bilhões de reais.
Segundo Levy, até o fim de maio, o banco deve devolver ao Tesouro 30 bilhões de reais, referentes a repasses feitos no passado. Na última década, o banco foi irrigado com quase 500 bilhões de reais do Tesouro Nacional. Nos últimos três anos, essas verbas estão sendo devolvidas.
O ritmo de devoluções, seria, segundo fontes da área econômica, motivo de ruído entre Levy e o ministro da Economia, Paulo Guedes, o que o presidente do BNDES negou.
"Até onde eu sei, o clima sempre foi harmônico", disse Levy.
CAMINHÕES
Levy anunciou ainda que na semana que vem devem estar disponíveis os 500 milhões reais de uma linha de crédito para caminhoneiros. O financiamento foi anunciado após ameaça de nova greve do setor, em abril. Levy destacou que se for necessário o BNDES pode dobrar para 1 bilhão de reais.