AIX-EN-PROVENCE, França (Reuters) - O Reino Unido está pagando o preço por altos níveis de desigualdade e por uma crônica falta de investimentos em educação que levaram uma população desiludida a votar pela saída do país da União Europeia no referendo sobre o tema, afirmou neste domingo o CEO do Credit Suisse, Tidjane Thiam.
O Reino Unido decidiu em referendo em 23 de junho que deixará a UE, em uma decisão que esquentou os nervos do mercado financeiro e abalou o mundo dos negócios.
Thiam, ex-presidente da seguradora britânica Prudential (LON:PRU), disse que viveu quase 15 anos no Reino Unido e ficou chocado ao visitar uma escola em Tower Hamlets, um bairro próximo ao distrito financeiro de Londres, na qual metade das crianças dizia comer apenas uma vez por dia.
"Isso é algo que eu teria visto na Costa do Marfim", disse ele, um ex-ministro do governo do país africano, durante uma conferência de negócios ao sul da França.
Em uma opinião inesperada para um banqueiro, ele disse que o Reino Unido deveria adotar um sistema de impostos mais distributivo mesmo que isso significasse uma taxação maior, para garantir que os perdedores da globalização não sintam-se prejudicados.
"Eu estava assistindo a uma marcha em Londres no sábado, que eu vejo como bem-vinda. Mas eu gostaria de perguntar a eles: quantos de vocês aceitariam pagar mais impostos?", questionou.
Thaim disse que aqueles com menor nível de educação são mais propensos a apoiar a saída da UE.
"Esse é o preço pago pela crônica falta de investimentos em educação", disse.
"Algo deve ser feito a nível nacional para que não haja tantas pessoas deixadas para trás a ponto de o resultado de um voto democrático da nação resultar em algo que é ruim para o país no médio prazo", disse ele.
Thiam assumiu o posto de presidente do segundo maior banco da Suíça em 1° de julho de 2015.
(Por Michel Rose)