China e UE retaliam após tarifas comerciais de Trump entrarem em vigor

Publicado 09.04.2025, 12:06
Atualizado 09.04.2025, 12:21
© Reuters. Terminal em Seabrook, Texas, EUAn07/04/2025. REUTERS/Adrees Latif

Por Joe Cash e Philip Blenkinsop e Doina Chiacu

PEQUIM/BRUXELAS/WASHINGTON (Reuters) - A China e a União Europeia anunciaram novas barreiras comerciais aos produtos norte-americanos nesta quarta-feira em resposta às pesadas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ampliando a guerra comercial global que tem afetado os mercados e elevado a probabilidade de recessão.

A China anunciou um aumento das tarifas sobre as importações dos EUA de 34% para 84%, logo após a entrada em vigor nesta quarta-feira das taxas de 104% impostas por Trump sobre as importações chinesas, conforme o impasse entre as duas maiores economias do mundo não mostra sinais de resolução.

A UE disse que adotará tarifas de 25% sobre uma série de importações dos EUA em uma primeira rodada de contramedidas. O bloco de 27 membros enfrenta tarifas norte-americanas de 20% sobre a maioria dos produtos e taxas mais altas sobre automóveis e aço.

Tarifas específicas dos EUA sobre dezenas de outros países, do Japão a Madagascar, também entraram em vigor, sendo a última de uma série de tarifas que estão desfazendo uma ordem de comércio global que está em vigor há décadas.

As taxas no maior mercado consumidor do mundo agora estão, em média, acima de 20%, de acordo com várias estimativas, contra 2,5% antes de Trump assumir o cargo.

O presidente-executivo do JPMorgan (NYSE:JPM) Chase, Jamie Dimon, uma voz proeminente em questões econômicas, disse que as tarifas de Trump provavelmente levarão a uma recessão e à inadimplência dos tomadores de empréstimos.

Os mercados globais foram atingidos, com os danos se espalhando para além dos mercados de ações, que viram trilhões de dólares em ações evaporarem na semana passada. Os preços do petróleo caíram para mínimas de quatro anos, enquanto os investidores se desfizeram de Treasuries e dólar, que normalmente são vistos como ativos seguros.

O Japão e o Canadá disseram que irão cooperar para estabilizar o sistema financeiro global - uma tarefa geralmente assumida pelos Estados Unidos em tempos de crise.

Trump deu de ombros para as perdas do mercado e ofereceu aos investidores sinais contraditórios sobre a permanência das tarifas no longo prazo, descrevendo-as como "permanentes" mas também afirmando que elas estão pressionando outros líderes a pedirem negociações.

"FICA FRIO! Tudo vai dar certo. Os EUA serão maiores e melhores do que nunca!", escreveu ele nas mídias sociais.

Trump disse que as tarifas ajudarão a reconstruir uma base industrial que definhou ao longo de décadas de liberalização do comércio, embora ele diga que está aberto a negociar a redução dessas barreiras país por país. No entanto, as autoridades dos EUA dizem que não darão prioridade às negociações com a China.

"A escalada de tarifas dos EUA sobre a China é erro em cima de erro, que infringe seriamente os direitos e interesses legítimos da China e prejudica seriamente o sistema de comércio multilateral baseado em regras", disse o Ministério das Finanças da China em um comunicado.

Pequim também impôs restrições a 18 empresas dos EUA, principalmente em setores relacionados à defesa, somando-se às cerca de 60 empresas norte-americanas já punidas pelas tarifas de Trump.

A Casa Branca não fez comentários imediatos sobre a última medida de retaliação da China.

Mais cedo nesta quarta-feira, a China classificou seu superávit comercial com os Estados Unidos como inevitável e alertou que tem a "determinação e os meios" para continuar a luta se Trump seguir atacando os produtos chineses.

A moeda chinesa enfrentou uma forte pressão de queda, com o iuan offshore atingindo mínimas recordes devido às tarifas. Mas fontes disseram à Reuters que o banco central pediu aos principais bancos estatais que reduzissem as compras de dólares e não permitissem quedas acentuadas do iuan.

PREÇOS

Economistas dizem que as tarifas de Trump podem aumentar os custos para a família média dos EUA em vários milhares de dólares por ano, o que pode se tornar uma responsabilidade política para um presidente que fez campanha para reduzir o custo de vida. Três em cada quatro norte-americanos esperam que os preços aumentem devido às tarifas de Trump, de acordo com uma pesquisa da Reuters/Ipsos.

Algumas empresas afirmaram que aumentarão os preços imediatamente, mas outras poderão levar algum tempo, já que as tarifas não se aplicam a mercadorias que estejam em trânsito.

(Texto de Andy Sullivan, Ingrid Melander e John Geddie)

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