FRANKFURT (Reuters) - O corte na taxa de juros realizado pelo Banco Central Europeu no mês passado foi uma medida de segurança contra uma inflação baixa, mas os membros pareciam divididos quanto ao risco da fraqueza das pressões inflacionárias, de acordo com a ata de sua reunião de 16 e 17 de outubro divulgada nesta quinta-feira.
Em outubro, o BCE cortou a taxa juros pela terceira vez este ano e deixou claro que mais afrouxamento está por vir, dada a fraqueza da economia da zona do euro e a diminuição das pressões dos preços, mesmo que o momento e o tamanho dos movimentos permaneçam em aberto.
"Agir agora poderia oferecer um seguro contra riscos negativos que poderiam levar a uma inflação abaixo da meta mais adiante e apoiaria um pouso suave", disse o BCE no documento, reconhecendo que poucas novas informações estavam disponíveis.
Se esses poucos indicadores forem algo isolado, o banco poderia simplesmente evitar um corte em dezembro, sugeriu a ata.
"Se a desaceleração sinalizada pelos indicadores de atividade econômica e a surpresa negativa para a inflação se mostrarem temporárias, uma decisão de cortar juros agora poderia, a posteriori, ser considerada como uma mera antecipação do corte de dezembro", acrescentou o BCE.
Entretanto, a ata também pareceu revelar discordância sobre o tamanho da fraqueza das pressões inflacionárias.
As autoridades concordaram que a inflação atingirá a meta de 2% antes das projeções anteriores para o final de 2025, mas houve opiniões diferentes sobre o que virá depois.
Um grupo parecia argumentar que não é possível a inflação ficar abaixo da meta.
"Esse cenário de ficar abaixo da meta provavelmente exigiria uma combinação de fatores que ainda não estão presentes", disse o documento.
"Esses fatores incluem um crescimento econômico decepcionante que entrou em território de recessão, um enfraquecimento do sistema financeiro, pressões salariais desaparecendo e uma mudança para baixo nas expectativas de inflação."
Mas havia outro grupo que achava que o problema era mais profundo e que a inflação corre o risco de ficar abaixo da meta do BCE, um resultado que o banco considera tão indesejável quanto estar acima dela.
"Por outro lado, também foi sugerido que a mudança nas perspectivas de inflação havia sido mais significativa."
Eles argumentaram que as surpresas negativas com relação à inflação e as rápidas mudanças nas expectativas do mercado apontaram para um risco cada vez maior da alta dos preços ficar abaixo da meta, possivelmente de forma sustentada.
"Isso poderia agora ser visto como um risco maior do que o de ficar acima da meta", disseram.
(Por Balazs Koranyi)