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Investing.com — Os índices futuros das Bolsas norte-americanas operam próximos à estabilidade nesta quinta-feira, após uma sessão marcada por queda dos índices acionários e avanço nos rendimentos dos treasuries.
Os investidores acompanham a expectativa pela divulgação de dados de atividade econômica e uma possível votação, nas primeiras horas do dia, na Câmara dos Representantes sobre o abrangente projeto de reforma tributária e aumento de gastos do presidente Donald Trump.
Paralelamente, o CEO da OpenAI revelou planos para lançar um dispositivo de inteligência artificial em 2026.
No Brasil, maior percepção de risco fiscal impacta desempenho dos ativos.
1. Futuros operam estáveis em Wall Street
Os futuros de Wall Street registram variações modestas, sinalizando cautela dos mercados após a liquidação observada na véspera.
Por volta das 8 h de Brasília, os contratos futuros do Dow Jones operavam praticamente estáveis, o S&P 500 futuro subia 6 pontos, equivalente a 0,1%, e os futuros do Nasdaq 100 avançavam 26 pontos, ou 0,1%.
CONFIRA: Cotação das ações dos EUA na pré-abertura em Wall Street
Os principais índices recuaram na quarta-feira, pressionados pela elevação nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, reflexo dos temores de que o novo pacote fiscal de Trump eleve substancialmente a dívida pública americana. A fraca demanda no leilão de US$ 16 bilhões em treasuries de 20 anos também contribuiu para esse movimento, uma vez que os rendimentos se movem de forma inversa aos preços.
Além disso, o mercado repercutiu os balanços de grandes varejistas, setor que pode ser diretamente afetado pelas tarifas comerciais dos EUA. A Lowe’s (NYSE:LOW) manteve suas projeções para o ano, enquanto os resultados da Target desapontaram, refletindo uma demanda mais fraca por itens discricionários.
No cenário político, a Câmara dos Representantes dos EUA deve realizar uma votação ainda nesta quinta-feira sobre o ambicioso pacote fiscal de Donald Trump. Parlamentares republicanos tentam superar divergências internas para garantir sua aprovação.
A proposta contempla, além da extensão dos cortes de impostos implementados em 2017, a redução de tributos incidentes sobre gorjetas e financiamentos automotivos, bem como aumento dos gastos destinados à defesa e ao fortalecimento das fronteiras. O texto também prevê cortes relevantes em programas de assistência alimentar e de saúde voltados para as camadas mais vulneráveis da população americana.
Especialistas independentes calculam que o impacto fiscal do projeto ficará entre US$ 3 trilhões e US$ 5 trilhões, elevando ainda mais a dívida pública dos EUA, atualmente em US$ 36,2 trilhões.
Ainda não está claro se o presidente da Câmara, Mike Johnson, assegurou apoio suficiente entre os republicanos para garantir a aprovação. Parte da bancada exige reduções de gastos ainda mais expressivas para viabilizar os cortes tributários propostos, embora Johnson tenha afirmado estar confiante na construção de uma maioria capaz de superar a oposição democrata.
Se aprovado, o texto seguirá para apreciação no Senado, onde os republicanos também detêm a maioria.
2. Mercado aguarda dados de atividade empresarial
Os agentes financeiros agora voltam as atenções para os dados preliminares dos Índices de Gerentes de Compras (PMIs), que podem oferecer pistas sobre os efeitos das tarifas impostas pelos EUA.
Em abril, o PMI composto da S&P Global recuou para 50,6, ante 53,5 em março, permanecendo apenas ligeiramente acima da marca de 50 que separa expansão de contração.
Para maio, a expectativa é de que o indicador do setor industrial recue para 49,9, enquanto o setor de serviços deve mostrar leve alta, chegando a 51,0.
Empresas relatam crescentes dificuldades no planejamento de investimentos diante das incertezas geradas pelas tarifas em vigor. Analistas destacam que, embora os impactos sobre a inflação americana ainda sejam limitados, há potencial para aumento de preços à medida que se reduzem os estoques acumulados antes da implementação das medidas tarifárias.
Também persiste a dúvida se Trump irá renovar a suspensão temporária de tarifas “recíprocas” sobre diversos parceiros comerciais, cuja vigência expira em julho. Uma decisão semelhante sobre tarifas aplicadas à China vence em agosto.
3. OpenAI mira lançamento de dispositivo de IA até 2026
O CEO da OpenAI, Sam Altman, comunicou aos funcionários que pretende liderar a companhia no desenvolvimento e lançamento de um dispositivo de inteligência artificial até o fim de 2026, segundo informações do Wall Street Journal.
Altman revelou que a meta é alcançar a venda de 100 milhões de unidades, buscando estabelecer uma nova categoria de dispositivo, tão indispensável quanto os smartphones, conforme apontou o jornal, citando uma gravação de uma reunião interna.
A declaração surge poucos dias após a OpenAI adquirir uma empresa liderada pelo ex-designer da Apple (NASDAQ:AAPL), Jony Ive, em uma transação de US$ 6,5 bilhões. Altman afirmou que esse movimento estratégico tem potencial para adicionar até US$ 1 trilhão em valor à OpenAI, conforme reportado pelo WSJ.
Altman e Ive trabalham na concepção de um dispositivo que se tornaria o terceiro essencial na vida digital das pessoas, após o computador pessoal e o smartphone. De acordo com as informações, o equipamento não contará com tela, não será um telefone e tampouco um dispositivo vestível.
4. Petróleo recua com estoques elevados e tensão geopolítica
As cotações do petróleo operam em baixa nesta quinta-feira, refletindo tanto o aumento inesperado dos estoques nos Estados Unidos quanto as incertezas em torno das negociações nucleares entre EUA e Irã, além de rumores sobre um possível ataque israelense a instalações nucleares iranianas.
No momento da redação, o Brent recuava 1,6%, negociado a US$ 63,89 por barril, enquanto o WTI cedia 1,5%, a US$ 60,60 por barril.
Dados divulgados pela Administração de Informação de Energia (EIA) na quarta-feira mostraram que os estoques de petróleo bruto nos EUA cresceram 1,3 milhão de barris, contrariando as projeções de uma redução de igual magnitude. O aumento reacendeu preocupações sobre a demanda no maior mercado consumidor de petróleo do mundo.
Na véspera, os preços já haviam recuado após a confirmação de que uma nova rodada de negociações nucleares entre Irã e Estados Unidos ocorrerá na sexta-feira, em Roma.
Os contratos chegaram a subir temporariamente após uma reportagem da CNN indicar que a inteligência americana acredita que Israel estaria se preparando para atacar instalações nucleares no Irã, mas o movimento de alta perdeu força ao longo do dia.
5. Risco fiscal afeta ativos brasileiros
Em uma semana sem muitos destaques no calendário econômico, o Ibovespa fechou o pregão de quarta-feira com queda de 1,59%, aos 137.881,27 pontos, sob influência de uma percepção de risco maior com a política fiscal no Brasil e nos EUA, onde as bolsas também encerraram o dia em queda.
O dólar à vista recuou 0,47%, fechando a R$5,6413. No ambiente externo, os mercados globais operaram sob forte aversão ao risco, desencadeada pelo temor de que o pacote fiscal proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, amplie a dívida pública norte-americana em trilhões de dólares, o que levou à elevação dos rendimentos dos títulos do governo (treasuries).
No Brasil, embora o real tenha se beneficiado da desvalorização global do dólar, as preocupações fiscais domésticas limitaram o movimento. A assinatura da medida provisória que amplia subsídios na conta de energia — ainda sem clareza sobre seus impactos fiscais — reforçou o desconforto dos investidores com o quadro fiscal brasileiro.
Com isso, as taxas dos contratos de depósito interfinanceiro (DI) encerraram o dia em alta, acompanhando a escalada dos rendimentos dos treasuries norte-americanos.