Juros futuros sobem em dia de ruídos e desmentidos sobre pacote fiscal do governo

Publicado 15.05.2025, 17:09
Atualizado 15.05.2025, 17:10
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em alta na maioria dos vértices, em meio a especulações de que o governo estaria preparando um conjunto de medidas para alavancar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, ano eleitoral, o que poderia ter impacto negativo sobre as contas públicas.

Apesar de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter desmentido o pacote durante a tarde, as taxas futuras se mantiveram em alta no Brasil, sustentadas também por dados do varejo brasileiro que reforçaram percepção de que o PIB segue forte.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,805%, ante o ajuste de 14,811% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,715%, em alta de 6 pontos-base ante o ajuste de 14,659%.

Entre os contratos mais longos, impactados também pelo recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,82%, ante 13,817% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,83%, em baixa de 4 pontos-base ante 13,869%.

Pela manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no varejo brasileiro subiram 0,8% em março ante fevereiro. O resultado ficou abaixo da expectativa de pesquisa da Reuters com economistas, de avanço de 1,0%, mas levou o varejo a atingir o maior nível da série histórica iniciada em 2000, superando o recorde anterior, de fevereiro.

Os dados do varejo, conforme a analista Laís Costa, da Empiricus Research, reforçaram avaliação de que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre foi maior que o originalmente projetado.

“Com o varejo de hoje, os economistas têm agora todos os insumos para chegar a uma projeção final de PIB no primeiro trimestre. E deu para ver claramente uma revisão de alta para este PIB”, comentou Costa.

“Todas as casas revisaram o PIB para cima e, nos próximos dias, vai virar consenso que a atividade brasileira não está desacelerando”, acrescentou.

Essa percepção de atividade econômica forte -- que pressiona a inflação -- já dava suporte às taxas dos DIs, que aceleraram os ganhos pouco depois das 14h20, em meio a especulações no mercado de que o governo estaria preparando um pacote de medidas com impacto fiscal. Neste horário, o dólar também renovou máximas ante o real.

Com as especulações estressando os ativos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, decidiu dar uma rápida entrevista a jornalistas em Brasília. Segundo ele, as únicas medidas preparadas para envio a Lula são pontuais e para cumprimento da meta fiscal.

"As únicas medidas que estão sendo preparadas para levar ao conhecimento do presidente semana que vem são medidas pontuais para o cumprimento da meta fiscal, como nós fizemos no ano passado", disse, acrescentando que o Orçamento de 2026 ainda não começou a ser discutido.

Na noite de quarta-feira, após a Veja noticiar que o Ministério do Desenvolvimento Social estaria preparando uma proposta para reajustar o valor do Bolsa Família de R$600 para R$700 a partir de janeiro de 2026, o ministro da pasta, Wellington Dias, disse à Reuters que não há estudo e nem proposta nesse sentido.

Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira, Haddad reforçou: "Não há da parte do MDS pressão sobre a área econômica para absolutamente nenhuma iniciativa nova. Isso vale para os demais ministérios".

O desmentido de Haddad fez o dólar perder força ante o real e as taxas futuras desacelerem -- mas o movimento foi momentâneo. Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que, ainda que Haddad tenha negado mais uma vez, em nome do governo, as especulações sobre medidas fiscais, o mercado se apegou aos ruídos para operar nesta quinta-feira.

Às 15h36 -- já após os comentários de Haddad -- a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a máxima do dia, de 14,22%, em alta de 8 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Perto do fechamento desta quinta-feira a curva precificava 57% de probabilidade de manutenção da Selic em junho, contra 43% de chance de elevação de 25 pontos-base. Atualmente a Selic está em 14,75% ao ano.

Os ruídos sobre a área fiscal superaram, no Brasil, a influência da queda forte dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após a divulgação de dados fracos da indústria e do varejo nos Estados Unidos. Ainda assim, os títulos norte-americanos abriram espaço para leves baixas nas taxas dos DIs mais longos.

Às 16h42, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 9 pontos-base, a 3,965%, enquanto o retorno do título de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 8 pontos-base, a 4,447%.

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