Calendário Econômico: Livro Bege do Fed, guerra comercial, dado de atividade no BR
Por Dominique Vidalon e Michel Rose e Ingrid Melander
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, vai nomear um novo primeiro-ministro nas próximas 48 horas, informou seu gabinete nesta quarta-feira, acrescentando que a maioria dos parlamentares foi contra a realização de uma eleição parlamentar antecipada em meio à pior crise da França em décadas.
Sébastien Lecornu, o quinto primeiro-ministro da França em dois anos, apresentou sua renúncia e a de seu governo na segunda-feira, poucas horas depois de anunciar a formação do gabinete, tornando-o o governo de vida mais curta da França moderna.
Mas, a pedido de Macron, Lecornu realizou novas consultas com líderes políticos de centro-esquerda a centro-direita, em um esforço para neutralizar a crise.
"A maioria dos deputados se opõe à dissolução (do Parlamento); existe uma plataforma para a estabilidade; é possível um caminho para adotar um Orçamento até 31 de dezembro", disse o gabinete presidencial do Eliseu, citando as conclusões de Lecornu.
"Com base nisso, o presidente da República nomeará um primeiro-ministro nas próximas 48 horas."
NENHUM ACORDO, MAS ALGUMA ESPERANÇA
Lecornu renunciou depois que a oposição, mas também alguns aliados, ameaçaram votar pela sua saída, em um sinal da profunda instabilidade que atinge a França, onde nenhum grupo ou partido detém a maioria no Parlamento, e os partidos lutam para chegar a compromissos sobre questões importantes, incluindo a recuperação das finanças fragilizadas do país.
Ele encerrou dois dias de conversações com líderes políticos sem um acordo para pôr fim à crise, mas disse que via um caminho para que um novo premiê fosse nomeado em breve.
Lecornu não disse quem poderia ser o próximo primeiro-ministro, deixando claro que seu trabalho estava concluído e que caberia a Macron decidir. O comunicado do Eliseu não disse quem poderia assumir o cargo.
ACORDO É POSSÍVEL, MAS NÃO SERÁ FÁCIL, DIZ LECORNU
"Sinto que um caminho ainda é possível", disse Lecornu sobre os esforços para encontrar um acordo para adotar um Orçamento para 2026 e dar à França, a segunda maior economia da zona do euro, alguma estabilidade financeira.
Após informar Macron sobre suas conversas, Lecornu disse à France 2 TV que chegar a um acordo seria difícil, mas que, no entanto, as perspectivas de Macron ser forçado a convocar uma eleição parlamentar antecipada para romper o impasse estavam diminuindo.
"Eu disse ao presidente da República... que acredito que a situação permite que ele nomeie um primeiro-ministro nas próximas 48 horas", disse Lecornu.
MACRON ENFRENTA APELOS PARA RENUNCIAR
Nesta semana, Macron enfrentou vários apelos para realizar eleições parlamentares antecipadas ou renunciar, especialmente de políticos de extrema-direita e de extrema-esquerda, mas também de alguns representantes do espectro político tradicional.
A reação imediata de alguns membros da oposição mostrou que os últimos acontecimentos fizeram pouco para acalmar sua raiva.
Laure Lavalette, parlamentar do Reunião Nacional, de extrema-direita, disse que Macron estava apenas tentando ganhar tempo.
No início do dia, a líder do RN, Marine Le Pen, que se recusou a participar dessa rodada de negociações com Lecornu, deixou claro que não participaria de nenhum acordo.
"Eu censurarei tudo. Agora chega -- a piada já durou muito tempo", disse ela aos repórteres, reiterando sua exigência de eleições parlamentares antecipadas.
Jean-Luc Mélenchon, do partido de extrema-esquerda França Insubmissa, reiterou a opinião de seu partido de que a única saída para a crise seria a renúncia de Macron.
CENTRO-ESQUERDA QUER COMANDAR PRÓXIMO GOVERNO
Depois de se reunir com Lecornu, mas antes de sua entrevista na TV, o chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, e a líder dos Verdes, Marine Tondelier, disseram que a esquerda queria comandar o próximo governo.
A esquerda quer um imposto sobre a fortuna de 2% sobre os 0,01% mais ricos da França no Orçamento de 2026 e quer eliminar as impopulares reformas previdenciárias, medidas que têm forte apoio público, mas afastam os conservadores.
Os mercados se assustaram com a paralisia política na França, com os investidores já preocupados com o enorme déficit orçamentário do país.
Entretanto, os ativos franceses registraram alguma melhora nesta quarta-feira, depois que Lecornu expressou um otimismo cauteloso sobre a possibilidade de um acordo pela manhã, com o índice CAC-40 de Paris subindo 1,1% no dia. O índice acionário referência francês continua sendo um dos mais fracos da Europa em 2025.
(Reportagem adicional de Elizabeth Pineau, Benoit Van Overstraeten, Inti Landauro, Makini Brice, Sudip Kar-Gupta, Zhifan Liu, Alessandro Parodi, Amanda Cooper, Alun John)