MP 1303 caiu: comemoração ou preocupação do mercado, eis a questão?
FRANKFURT (Reuters) - Apenas uma pequena minoria de trabalhadores da zona do euro teme que as tarifas dos Estados Unidos coloquem em risco seus empregos, mas isso ainda pode criar um peso para uma economia já fraca, escreveram pesquisadores do Banco Central Europeu em um blog na sexta-feira.
O governo Trump impôs uma série de tarifas sobre as importações da UE em julho, elevando a taxa tarifária efetiva de 2,3% para cerca de 13,1%, o que representa um obstáculo para o bloco, já que os EUA continuam sendo, de longe, seu maior mercado de exportação.
Embora apenas cerca de 15% dos trabalhadores temam que seus empregos estejam em risco devido a essas tarifas, isso ainda pode ter um impacto significativo sobre a economia, argumentaram os pesquisadores em um post de blog usando dados da mais recente Pesquisa de Expectativas do Consumidor do banco.
"Os trabalhadores que esperam perder seus empregos têm maior probabilidade de perdê-los de fato mais tarde", argumentou o blog. "Portanto, embora o impacto direto das tarifas dos EUA sobre os empregos pareça ser limitado, seu impacto sobre alguns trabalhadores pode ser mais forte e pode exercer peso ainda maior sobre a confiança das empresas e dos consumidores."
A constatação é importante porque o BCE espera que a maior parte do crescimento econômico neste ano e no próximo venha do consumo interno, em parte com as famílias reduzindo suas taxas de poupança pessoal excepcionalmente altas.
Entretanto, as poupanças continuam a aumentar e até mesmo as autoridades de política monetária estão agora questionando a solidez dessa suposição, já que a incerteza sobre a economia não deve desaparecer tão cedo, como mostrou a ata da reunião de setembro do BCE na quinta-feira.
Essas conclusões sugerem, portanto, algum risco de queda para o crescimento econômico decorrente das tarifas, o que poderia repercutir em uma economia que cresce apenas a uma taxa de cerca de 1%.
A pesquisa do BCE mostra que os trabalhadores da indústria, construção e comércio temem os efeitos negativos das tarifas, enquanto que nos setores de serviços, financeiro e de TI os trabalhadores se consideram mais expostos.
"Esse é especialmente o caso dos trabalhadores da Irlanda e da Holanda, que abrigam as sedes europeias de muitas empresas norte-americanas e são economias muito abertas", argumentaram os pesquisadores.
(Reportagem de Balazs Koranyi)