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Taxas futuras de juros sobem em sintonia com Treasuries após fala de Powell

Publicado 30.09.2024, 16:53
© Reuters. Moedas de 1 realn15/10/2010nREUTERS/Bruno Domingos
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs com prazos a partir de janeiro de 2026 fecharam a segunda-feira em alta, pela terceira sessão consecutiva, acompanhando o avanço firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior, numa sessão em que o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, projetou mais dois cortes de 25 pontos-base nos juros dos EUA este ano, e não de 50 pontos-base.

Na ponta curta da curva brasileira as taxas ficaram próximas da estabilidade, mantendo a precificação majoritária de alta de 50 pontos-base da taxa básica Selic em novembro.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,01%, ante os 10,997% do ajuste anterior.

A taxa para janeiro de 2026 estava em 12,32%, em alta de 5 pontos-base ante o ajuste de 12,269%. O vencimento para janeiro de 2027 marcava 12,38%, em alta de 8 pontos-base ante o ajuste de 12,305%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,44%, ante 12,359%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,37%, ante 12,296%.

No início do dia as taxas futuras chegaram a oscilar em baixa no Brasil, em um ambiente favorável, naquele momento, a ativos de maior risco em todo o mundo -- incluindo o real brasileiro --, após o anúncio de novas medidas para estimular a economia chinesa.

Mas as taxas dos DIs migraram para o território positivo já nos primeiros minutos da sessão, puxadas pelo avanço dos yields enquanto investidores aguardavam com ansiedade por um discurso de Powell, marcado para a tarde.

A partir das 14h55 (horário de Brasília), quando Powell começou a falar, os rendimentos dos Treasuries aceleraram os ganhos, o que também fez as taxas futuras no Brasil atingirem os picos do dia.

Em sua fala, Powell afirmou que prevê mais dois cortes nas taxas de juros este ano, totalizando 50 pontos-base, "se a economia tiver o desempenho esperado", embora o Fed possa fazer cortes mais rápidos, se necessário, ou mais lentos.

Os comentários de Powell geraram a percepção de que, após cortar os juros em 50 pontos-base em setembro, o Fed tende a desacelerar o ritmo já em novembro, na próxima reunião de política monetária.

No Brasil, às 15h08 -- logo após o início da fala de Powell -- a taxa do DI para janeiro de 2026 atingiu a máxima de 12,35%, em alta de 8 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira. Perto do mesmo horário a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a máxima de 12,47%, em alta de 11 pontos-base.

Além da influência vinda do exterior, as preocupações em torno da inflação e do equilíbrio fiscal brasileiro continuaram a permear os negócios nesta segunda-feira.

Após dados robustos do mercado de trabalho terem sustentado a curva no encerramento da última semana, em meio à avaliação de que haverá impactos negativos sobre a inflação, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou na noite de sexta-feira que a bandeira tarifária de outubro será vermelha patamar 2. Esta é cobrança adicional mais alta na conta de luz e não era acionada desde agosto de 2021.

“Mais uma má notícia para a inflação: a Aneel elevou a bandeira tarifária para vermelha 2... elevando a chance de o IPCA fechar acima do teto da meta este ano caso não ocorra alguma reversão da bandeira para dezembro”, disse o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes. “O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) considera bandeira amarela para dezembro deste ano conforme sua última ata”, lembrou.

No campo fiscal, o relatório Focus indicou que a mediana das projeções do mercado para o resultado primário é de déficit de 0,60% do Produto Interno Bruto em 2024 e de 0,73% em 2025. A inflação projetada é de 4,37% para 2024 e de 3,97% em 2025 -- em ambos os casos acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 3%. Já a projeção para a Selic é de dois aumentos de 50 pontos-base, em novembro e em dezembro, com a taxa básica encerrando 2024 em 11,75% ao ano.

© Reuters. Moedas de 1 real
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos

Com isso, os economistas que abastecem o Focus se alinharam à precificação na curva de juros brasileira, que também indica duas elevações de 50 pontos-base ainda este ano.

Perto do fechamento a curva brasileira precificava 74% de probabilidade de o BC subir a Selic em 50 pontos-base em novembro, contra 26% de chance de nova elevação de 25 pontos-base. Na sexta-feira os percentuais eram de 73% e 27%, respectivamente.

No fim da tarde os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta firme. Às 16h31, o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 10 pontos-base, a 3,66%. Já o retorno do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 6 pontos-base, a 3,806%.

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