A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgou nota na noite desta terça-feira, 10, para reforçar posição defendida mais cedo pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em relação ao preço do aço no País. Segundo a Abrainc, o material tem impactado o setor, principalmente, nos últimos dois anos, após sofrer uma variação de 101%. "O custo do aço no Brasil sempre foi um dos mais baratos do mundo, mas agora a situação mudou, principalmente quando comparamos o poder de compra do brasileiro em relação aos imóveis."
Na avaliação do presidente da Abrainc, Luiz França, o impacto da alta do aço sobre o segmento Casa Verde e Amarela (CVA) é "enorme pela magnitude do programa de moradia popular". "Não é correto pensar que essa variação prejudique uma ou outra empresa. Isso é um grande erro, uma vez que o CVA, por exemplo, representa 80% de todas as moradias construídas no Brasil e, com isso, gera anualmente 1,4 milhão de empregos."
Para França, uma redução no preço do aço permitiria que o setor ganhasse força e competitividade. "A redução pode ampliar as possibilidades de compras de materiais para o setor da construção, podendo contribuir para atenuar a subida dos custos em um momento em que as famílias de baixa renda estão sofrendo com a alta inflação. A medida estimula não só a produção de moradias como a geração de postos de trabalho", afirma o presidente da associação na nota.
O governo, como noticiou o Broadcast, estuda zerar a tarifa de importação do aço para ajudar no combate à inflação. O anúncio dessa possibilidade colocou em lados opostos setores da siderurgia e da construção civil.
Mais cedo, após se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, disse que os dados do setor da construção civil, que reclama da alta dos preços dos vergalhões utilizados no segmento, estão incorretos. "Isso não procede. Guedes falou de pressão intensa da construção civil, eles trouxeram ao ministro informações que não procedem", disse.
A fala do executivo provocou reação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, que reforçou que os altos custos do setor estão sendo gerados pelas siderurgias. "Não estamos demitindo porque honramos nossos compromissos, estamos assumindo custos que eles nos geram e irão gerar desemprego futuro", disse ele.