Investing.com -- A combinação de cortes expressivos nos gastos do governo, arrecadação significativa com tarifas e reduções tributárias limitadas pode levar a uma redução relevante do déficit fiscal dos EUA, atualmente em US$ 1,83 trilhão, segundo analistas do Deutsche Bank (ETR:DBKGn).
No entanto, em nota a clientes, o banco alertou que será difícil para o governo Trump e os legisladores republicanos reduzir o déficit de maneira substancial, ficando abaixo das projeções atuais do Congressional Budget Office (CBO).
Nos primeiros quatro meses do ano fiscal, o déficit federal atingiu um recorde de US$ 840 bilhões, impulsionado por despesas crescentes com pagamentos de juros da dívida e Previdência Social, conforme dados do Departamento do Tesouro dos EUA. Ajustado pelo calendário fiscal, o déficit acumulado entre outubro e janeiro aumentou 25%, de acordo com cálculos da Bloomberg News, dificultando a meta do secretário do Tesouro, Scott Bessent, de reduzir o déficit para 3% do PIB, ante os 6,5% registrados em 2024.
No cenário mais otimista, os analistas do Deutsche Bank projetam cortes líquidos de US$ 200 bilhões nos gastos públicos entre 2026 e 2027, além da extensão da reforma tributária de 2018, sem novos cortes adicionais. A política tarifária do governo Trump também pode gerar até US$ 200 bilhões anuais em receita, segundo estimativas.
Mesmo nesse cenário, a redução do déficit em 2026 seria de apenas US$ 6 bilhões em relação às projeções do CBO, que não consideram a extensão da reforma tributária de Trump.
Além disso, os analistas apontam que o aumento de gastos previstos pelo orçamento da Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, pode complicar ainda mais a redução do déficit. A proposta prevê despesas antecipadas para priorizar áreas como segurança na fronteira e defesa, temas centrais da administração Trump.
O orçamento também propõe um teto para a contribuição do governo ao Medicaid (programa de saúde para famílias de baixa renda) e reformas nos pagamentos ao Medicare (seguro de saúde para idosos), medidas que devem enfrentar forte resistência política.
Mesmo que o Departamento de Eficiência Governamental, liderado por Elon Musk, consiga implementar um corte permanente de 10% no funcionalismo público, a economia gerada seria de aproximadamente US$ 25 bilhões por ano, considerando um congelamento total de contratações. Dado que o orçamento federal atual gira em torno de US$ 6,75 trilhões, esse impacto seria relativamente pequeno.
Os analistas concluíram que uma redução substancial do déficit, além das projeções do CBO, exigiria um alto grau de vontade política para reformar gastos obrigatórios, incluindo Previdência e saúde pública.
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