(Reuters) - O Banco Central anunciou nesta quarta-feira o segundo corte consecutivo de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, que foi a 12,75% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê reduções equivalentes nas próximas reuniões.
A decisão foi tomada de forma unânime pelo Comitê de Política Monetária.
Veja abaixo reações de analistas do mercado à decisão do Copom.
NATALIE VICTAL, ECONOMISTA-CHEFE DA SULAMÉRICA INVESTIMENTOS
"No todo, a gente achou que foi um comunicado neutro para o mercado. Na ponta um pouco mais "hawkish", mas em linha com a expectativa. Eles mantiveram o "próximas reuniões," no plural, então, mantiveram o compromisso de manutenção de "pace" para mais de uma reunião.
Por outro lado, não fizeram grandes revisões do cenário de PIB. Mantiveram o diagnóstico de desaceleração gradual à frente e também apresentaram projeções (de inflação) em linha com a mediana das expectativas, mas um pouco mais na ponta "dovish", no sentido de que tinham algumas pessoas que esperavam projeções um pouco mais elevadas. Então, as projeções foram em linha mais com um viés um pouco mais de flexibilização."
JOÃO SAVIGNON, HEAD DE PESQUISA MACROECONÔMICA DA KÍNITRO CAPITAL
"O comunicado foi em linha com as nossas expectativas e as do mercado, mas chamamos atenção para a inserção do debate sobre a importância da execução das metas fiscais. Isso tornou o comunicado ligeiramente mais "hawkish", pois, mesmo não sendo explícito, pode ser interpretado como mais um condicionante para o Copom acelerar o ritmo de cortes de juros à frente."
MATHES SPIESS, ANALISTA DA EMPIRICUS RESEARCH
"A gente vê certas curvaturas mais cautelosas por parte da autoridade monetária. Ele contratou manutenção do ritmo de corte de juros... Isso esvazia bem aquela chance, ainda que marginal, de um eventual corte em dezembro de 75 pontos-base. E faz muito sentido, porque a gente teve no ambiente doméstico a volta dos riscos fiscais... Lá fora a gente tem a questão do petróleo, a questão cambial, a questão dos yields na curva de juros dos Estados Unidos... O ambiente é complexo e, diante de um ambiente complexo, faz todo o sentido ele vir com esse comunicado mais duro."
LEONARDO COSTA, ECONOMISTA DA ASA INVESTMENTS
"O Copom segue indicando que, a despeito do atual ciclo de queda da de juros, o quadro inflacionário doméstico ainda demanda juros em patamar restritivo e vaticina queda de juros da mesma magnitude (0,50%) nas próximas reuniões. Nossa opinião é que o BC deve seguir no ritmo de corte de 0,50%. Acreditamos que há o risco de aceleração para 0,75% na reunião de dezembro, mas por ora é risco."
ALEXANDRE ESPÍRITO SANTO, ECONOMISTA-CHEFE DA ÓRAMA INVESTIMENTOS
"O Comitê sinalizou que em seus próximos passos avaliará os desdobramentos da inflação, salientou o balanço de riscos como de costume, a situação da inflação global, o hiato do produto mais apertado e apontou que novas quedas acontecerão em sequência, provavelmente na mesma magnitude da de hoje, o que vai ao encontro de nossas expectativas. Vale ressaltar que parte do mercado especula que o Copom possa acelerar as quedas a partir da reunião de dezembro. Não nos parece, contudo, que o BC vá caminhar por essa trilha, uma vez que existem algumas incertezas no horizonte."
(Por Redação São Paulo)