Investing.com – As eleições presidenciais nos EUA estão passando por uma reviravolta, com a substituição de Joe Biden por Kamala Harris como candidata democrata. A disputa com o ex-presidente Donald Trump está acirrada, especialmente nos estados-chave, e o controle do Congresso será decisivo para a viabilidade das políticas de ambos os candidatos. A BlackRock (NYSE:BLK) foca em áreas como impostos, energia, comércio e regulamentação, devido às suas implicações para o mercado de investimentos.
"As perspectivas eleitorais foram redefinidas após Biden apoiar Harris como candidata. Após o debate deste mês, Harris assumiu uma leve vantagem nas pesquisas nacionais, conforme dados da RealClearPolitics", explica a gestora, em um relatório recente.
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A corrida permanece competitiva nos estados decisivos, onde Harris conseguiu reduzir a liderança de Trump. As políticas de Harris seguem em grande parte a linha de Biden, com algumas propostas novas, como a ampliação do crédito tributário para crianças e o apoio financeiro a compradores de imóveis, destacam os analistas.
No entanto, a implementação de suas agendas pode enfrentar obstáculos, principalmente na área tributária, se nenhum dos partidos conseguir o controle unificado do Congresso. Além disso, as recentes decisões da Suprema Corte podem restringir a regulação federal, o que também impactará as propostas políticas, aponta a BlackRock.
Planos fiscais
Nenhum dos candidatos priorizou o déficit fiscal como uma questão central. Harris adotou a maior parte do plano tributário de Biden, incluindo o aumento dos impostos corporativos, com algumas diferenças, como a criação de um imposto sobre ganhos de capital para famílias de alta renda.
Trump, por sua vez, pretende estender as disposições da Lei de Empregos e Cortes de Impostos (TCJA), que expira em 2025, e propor novos cortes de impostos, incluindo os impostos corporativos. Ele também sugere aumentar a receita com a imposição de tarifas sobre uma ampla gama de importações.
O controle do Congresso determinará o tamanho e a abrangência das extensões da TCJA e de eventuais cortes de gastos governamentais. "Os déficits públicos são uma das razões pelas quais acreditamos que a inflação se manterá acima dos níveis pré-pandemia", destacam os analistas da BlackRock.
Setores estratégicos
O setor de energia será uma prioridade para qualquer governo. "A produção de petróleo e gás nos EUA atingiu novos patamares sob o governo Biden, o que beneficia o setor", explica a BlackRock.
Em um governo Harris, as políticas energéticas atuais, incluindo o apoio às energias limpas, continuariam. Já em um governo Trump, os republicanos buscariam aumentar a produção de energia e reduzir a implementação da Lei de Redução da Inflação, especialmente os créditos para veículos elétricos. No entanto, a BlackRock acredita que a revogação total da lei é improvável.
O comércio internacional também terá impactos econômicos relevantes. "Ambos os candidatos devem buscar controles adicionais sobre exportações por motivos de segurança nacional, especialmente em tecnologias avançadas", observam. Enquanto Harris provavelmente manterá o status quo com relação às tarifas, Trump propôs tarifas de 60% sobre a China, além de tarifas gerais de 10% a 20%, o que representaria uma escalada substancial no protecionismo.
Esse aumento no protecionismo reforça a fragmentação geopolítica e econômica, um fator que, segundo a BlackRock, deve manter a inflação elevada no médio prazo. A redução da imigração legal, um ponto central na campanha de Trump, também pode impactar o mercado de trabalho.
Regulação
A regulamentação será uma área fortemente influenciada pelo resultado das eleições. Uma vitória de Trump poderia resultar em desregulamentação, incluindo no setor bancário. Empresas de tecnologia podem continuar sendo alvo de medidas antitruste bipartidárias. Já uma vitória de Harris poderia alterar o setor de saúde, com possíveis expansões no Medicare ou controle nos preços de medicamentos.
"As diferenças políticas entre Harris e Trump estão cada vez mais nítidas. O controle do Congresso será decisivo para determinar como suas políticas poderão ser implementadas. Vemos impactos potenciais em setores como energia, tecnologia, saúde e finanças", conclui o relatório da BlackRock.