Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou nesta terça-feira que 25 das 27 capitais brasileiras possuem situação crítica de ocupação de leitos de terapia intensiva (UTIs) destinados à Covid-19, em momento em que o país enfrenta uma severa onda da pandemia, com recordes de óbitos.
Segundo a entidade, apenas Belém (75%) e Maceió (73%) possuem taxas de ocupação inferiores ao patamar de 80%, que determina a zona de alerta crítico conforme avaliação semanal realizada pela fundação.
Ainda segundo a Fiocruz, 15 das capitais com situação crítica possuem mais de 90% dos leitos ocupados, incluindo Porto Velho, com 100%, e Porto Alegre e Campo Grande, que já superaram os limites de ocupação de UTIs para Covid-19.
Em termos estaduais, apenas Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Amapá e Pará estão fora da situação crítica. Das 20 unidades da Federação em condição extrema, 13 têm taxas de ocupação acima de 90%.
O Pará deixou a zona de alerta crítico ao longo da última semana, melhorando seu indicador de ocupação de leitos, mas os Estados de São Paulo e Sergipe foram para o alerta máximo e a situação geral piorou, de acordo com a Fiocruz.
"Embora a saída do Pará da zona de alerta crítico para a zona intermediária... possa deixar uma impressão visual de melhoria do quadro geral, é importante sublinhar que se observou exatamente o oposto, com crescimento do indicador em quase todos Estados e no Distrito Federal", disse a fundação em nota técnica.
Os pesquisadores da Fiocruz reforçaram a necessidade de ampliação de medidas não-farmacológicas para contenção da pandemia, como distanciamento físico e social, uso de máscaras e higienização das mãos.
"Nos municípios e Estados que já se encontram próximos ou em situação de colapso, a análise destaca a necessidade de adoção de medidas de supressão mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais", disse a entidade.
Diversos governadores têm ampliado medidas restritivas em função do cenário de alta ocupação dos leitos e ampla transmissibilidade da doença. As restrições, porém, são atacadas com frequência pelo presidente Jair Bolsonaro, que na terça-feira criticou "fechamentos indiscriminados", o que disse ser algo "inadmissível.
O Brasil registrou nesta terça-feira um novo recorde diário de mortes em decorrência da Covid-19, contabilizando 1.972 óbitos em 24 horas. No total, o país atingiu 268.370 vítimas fatais da doença, permanecendo abaixo somente dos Estados Unidos em termos globais.
Também já foram notificados 11.122.429 casos de coronavírus no Brasil, cifra inferior apenas às dos EUA e Índia.