Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta terça-feira um amplo plano de reforma econômica proposto pelo presidente Javier Milei, com os parlamentares também dando apoio a alguns artigos importantes do projeto, enquanto a votação sobre os detalhes continuava.
O chamado projeto de lei "omnibus", que Milei espera que ajude a atrair investimentos e a reduzir a inflação no país atingido pela crise, passará para o Senado se um número suficiente de artigos for aprovado individualmente.
Milei, um economista libertário que venceu de forma surpreendente a eleição presidencial do ano passado, tem apenas uma minoria no Congresso, mas ganhou apoio na Câmara após meses de negociações e concessões sobre o pacote de reformas, que foi rejeitado em uma votação anterior em fevereiro.
"Esse apoio permitirá que Milei governe", disse à Reuters a parlamentar conservadora Victoria Borrego, referindo-se à capacidade do presidente de angariar apoio político.
O pacote de reformas, que deve enfrentar uma oposição mais forte no Senado, daria ao Executivo o poder de reestruturar ou privatizar órgãos públicos, reduzir a burocracia para atrair investimentos e ajustar regulamentações trabalhistas.
Os parlamentares ainda não votaram em um pacote fiscal separado que aumentaria os impostos sobre pessoas de alta renda, uma proposta que tem enfrentado forte oposição dos sindicatos locais, e reduziria drasticamente a taxa sobre os bens pessoais.
A Argentina está sofrendo uma inflação anual próxima a 300%, que Milei pretende reduzir com austeridade rigorosa, embora isso já tenha afetado o consumo, a produção e a atividade econômica. A pobreza também está aumentando à medida que a inflação reduz a renda real.
"Votar a favor dessa lei é legitimar um projeto que não resolve os problemas dos argentinos, nem a pobreza nem a inflação", escreveu no X o membro da oposição Santiago Cafiero, ministro das Relações Exteriores no governo anterior.