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Charge semanal: Deus (por favor), salve a libra esterlina!

Publicado 13.09.2022, 12:42
Atualizado 14.09.2022, 13:45
© Investing.com

Por Geoffrey Smith

Investing.com – “Deus, salve o rei!” foi o verso mais entoado pelas autoridades britânicas na semana passada, mas, em seus corações, talvez o sentimento dividisse espaço com o anseio de “Deus, salve a libra, já que nada mais pode acudi-la!”.

A libra esterlina vem enfrentando um ano difícil, com uma desvalorização de 15% em relação ao dólar, contra o qual atingiu seu patamar mais baixo desde 1985. Também se desvalorizou mais de 3% contra o euro, moeda cuja taxa real de juros gira em torno de -8%. É um feito e tanto.

As razões são bem conhecidas, algumas de curto prazo, porém a maioria já vem de longa data.

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A mais imediata foi o choque nos termos de troca provocado pela disparada dos preços de energia neste ano. A Grã-Bretanha, assim como o Paquistão, o Sri Lanka e a Alemanha, é uma grande importadora líquida de energia, já que suas reservas naturais de petróleo e gás se esgotaram ao longo dos últimos 40 anos. Como grande parte do sistema de energia do Reino Unido depende do gás natural, o aumento de oito vezes nos preços do produto neste ano também atingiu com mais intensidade o país do que outras economias europeias.

É preciso considerar ainda a pandemia. O Reino Unido gastou bastante para amortecer o impacto da Covid-19, cerca de 20% do seu PIB, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, mais do que qualquer outra economia avançada, com exceção dos Estados Unidos. Com isso, houve uma ampliação do déficit fiscal, de forma que o governo deverá trabalhar mais do que a maioria dos outros para colocá-lo de volta sob controle.

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Dessa forma, a desvalorização da libra, juntamente com a maioria das moedas europeias, deve-se, em grande medida, ao efeito tardio do enfraquecimento que a pandemia provocou na economia, ao reduzir a força de trabalho em centenas de milhares de pessoas produtivas.

A agência nacional de estatísticas afirmou, na terça-feira, que a taxa de ociosidade, referente à parte da população economicamente ativa fora do mercado de trabalho, atingiu a máxima de sete anos de 21,4% em julho, devido ao adoecimento de pessoas entre 50 e 64 anos por um longo período. Isso não é apenas o efeito direto da Covid, mas também da piora nas condições de saúde pré-existentes de muitas pessoas durante a pandemia, em razão da combinação de recursos escassos e inflexibilidade administrativa.

É preciso admitir que a agência afirmou que o emprego atingiu uma nova máxima recorde de 29,66 milhões em agosto. Mas, os dados de longo prazo mostram que a produtividade, fator que mais contribui para a melhora dos padrões de vida e para os retornos de capital, engrenou uma crônica marcha lenta: a produção por hora trabalhada subiu apenas 7% desde o primeiro trimestre de 2008.

Essa foi a situação herdada pela nova primeira-ministra britânica, Liz Truss, cujo primeiro ato foi anunciar um plano para manter as luzes acesas, o que pode acabar custando mais 5% do PIB (não há certeza em relação aos números, pois o governo ainda não detalhou suas estimativas, além do fato de que os preços de energia no atacado parecem ter atingido um pico no curto prazo).

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Os mercados de títulos, há anos adormecido pelas estratégias de flexibilização quantitativa dos bancos centrais, despertaram de forma abrupta. As necessidades de endividamento de Truss deparam-se com o desconfortável fato de que o Banco da Inglaterra pretende começar a vender 10 bilhões de libras em títulos da sua carteira no mercado por trimestre. A taxa do título referencial de 10 anos agora está na máxima de 11 anos, após disparar 1,3 p.p. nos últimos dois meses.

Um enorme déficit orçamentário e um enorme déficit nas contas correntes, em um ambiente de inflação e juros em alta, é uma combinação repleta de riscos. Analistas do Deutsche Bank (ETR:DBKGn) alertaram, na semana passada, que pode ser necessário um resgate do FMI, como aconteceu há 45 anos. 

Analistas do Barclays (LON:BARC), no entanto, acreditam tais rumores são exagerados. Os termos de troca são um problema mundial, e não específico à libra, de acordo com uma nota que emitiram aos clientes no início da semana.

“Estaríamos mais preocupados se os riscos associados às relações comerciais com a UE acabassem provocando uma guerra tarifária”, acrescentaram.

Nessa questão, pelo menos, as notícias desde a ascensão de Truss têm sido positivas. As discussões parlamentares sobre o acionamento do famigerado “Artigo 16” do acordo do Brexit, substituindo-o por uma nova legislação, foram ofuscadas por tratativas mais conciliatórias, segundo fontes não identificadas nos jornais, as quais parecem não querer romper as relações com a UE neste momento.

Esse pode não ter sido o motivo da reviravolta da libra nos últimos dias, mas tampouco a ajudou.

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Mesmo assim, assim como o novo soberano que estampará as notas do país, a libra esterlina tem muito trabalho pela frente até o fim do ano. Truss ficará grata em saber que, ao contrário do rei Charles III, deve ser mais fácil melhorar o histórico do seu antecessor.

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