Investing.com - A busca por alternativas ao dólar na economia global é um debate antigo, no qual a China e seu iuan despontam como opções para alguns, mas essa questão ganhou novos contornos com a guerra na Ucrânia e as sanções à Rússia.
E para alguns, a transição para as energias renováveis poderia favorecer a China na disputa com o dólar.
É o que defende, em especial, Zongyuan Zoe Liu, especialista em China no Council on Foreign Relations, que se manifestou na revista Noema. Ele ressaltou que o poder do dólar se deve em grande parte ao fato de ser a principal moeda de negociação do petróleo, estimando que “não há garantia de que a hegemonia do dólar americano em nossa economia global atual, baseada em combustíveis fósseis, persista em um mundo descarbonizado".
De fato, é importante salientar que a China é um dos principais fornecedores de recursos vitais em tecnologias de energias verdes, como os minerais de terras raras e metais críticos como o cobalto, e que o país já criou vários mercados de commodities onde os preços são cotados em iuanes.
Na mesma direção, o governo chinês também criou mercados denominados em iuanes para o petróleo e o cobre, outro metal amplamente empregado em energias verdes e em muitos outros setores.
Liu também destacou que grupos como o bloco dos Brics e a Organização de Cooperação de Xangai não só auxiliaram a China a promover um sistema financeiro menos dependente do dólar, mas também ampliaram a presença do país no comércio global de commodities.
O Brasil é, de fato, um dos maiores produtores de lítio, e o Irã possui as maiores reservas de zinco do mundo.
"Nesse contexto, como um grupo de países não ocidentais, a OCS representa potencialmente uma poderosa aliança de exportadores e importadores de commodities centrada no uso do renminbi para financiar todo o ciclo de vida das commodities, da produção ao consumo, passando pela negociação", escreveu Liu.
Por outro lado, ele frisou que a China não tem como meta derrubar totalmente o dólar na finança internacional, pois isso seria financeiramente desastroso para o país, dado seus investimentos expressivos em ativos americanos.
A desdolarização foi um tema central do último encontro dos Brics, e deve permanecer mais atual do que nunca no próximo ano, enquanto a Rússia assume a presidência do grupo.