Investing.om – Em uma análise recente publicada no "Project Syndicate", Nouriel Roubini, economista que alertou para a crise de 2008 e, por isso, ganhou o apelido de “Dr. Apocalipse”, discute as implicações de uma possível reeleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos em novembro.
Roubini destaca que, apesar dos riscos geopolíticos já terem afetado limitadamente as economias e os mercados até o momento, essa dinâmica pode mudar rapidamente.
O economista observa que estamos em uma era marcada pelo aumento das tensões geopolíticas, exemplificada pela prolongada guerra da Rússia contra a Ucrânia, a volátil relação entre Israel e Hamas, e a crescente rivalidade entre os EUA e a China, especialmente em relação a Taiwan.
“As eleições americanas representam um risco significativo para o crescimento global e os mercados financeiros, apesar de Trump e Biden compartilharem algumas prioridades de política externa, como a postura firme contra a China e o apoio a Israel”, ressaltou.
Diferenças nas políticas de Trump e Biden
A principal divergência entre os dois candidatos, segundo Roubini, reside nas políticas relacionadas à OTAN, Europa e o conflito Rússia-Ucrânia. Há preocupações de que Trump possa enfraquecer o apoio à Ucrânia, beneficiando a Rússia, mas sua agressividade contínua em relação à China poderia dissuadir tal movimento. Além disso, Trump deseja que os membros europeus da OTAN aumentem seus gastos com defesa, o que poderia levar a um reconhecimento maior do valor da aliança.
Impacto nas políticas econômicas e comerciais
A influência mais significativa de um segundo mandato de Trump sobre os mercados financeiros viria de suas políticas econômicas.As medidas protecionistas dos Estados Unidos, sob sua liderança, tendem a se intensificar.
Trump propôs a implementação de um imposto de 10% sobre todas as importações para os Estados Unidos, um aumento significativo em relação à taxa média atual de aproximadamente 2%.
Espera-se que tarifas ainda mais elevadas sejam aplicadas às importações da China, o que poderia desencadear conflitos comerciais não apenas com adversários estratégicos, como a própria China, mas também com aliados próximos, incluindo países europeus e asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, conforme mencionado por Roubini.
Este cenário de confronto comercial em escala global poderia retardar o crescimento econômico e acelerar a inflação, transformando-se no principal risco geopolítico para os mercados nos meses vindouros. Processos como desglobalização, desacoplamento econômico, fragmentação do comércio, protecionismo e a balcanização das cadeias de suprimentos internacionais emergiriam como ameaças ainda maiores à estabilidade econômica e aos mercados financeiros.
Além disso, a postura de Trump contra as iniciativas de combate às mudanças climáticas e a possibilidade de ele substituir Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), por alguém de perfil mais conciliatório, introduzem outros riscos de estagnação inflacionária. Suas políticas fiscais, focadas em expandir os cortes de impostos prestes a vencer e aumentar os gastos com defesa e programas sociais, poderiam elevar os já elevados déficits fiscais.
Tal movimento aumentaria o perigo de uma reação adversa dos mercados de títulos, potencialmente levando a juros muito mais altos em um contexto de dívidas públicas e privadas já inchadas, pavimentando o caminho para uma possível crise financeira.
Roubini enfatiza: a proposta econômica de Trump representa, atualmente, a maior ameaça aos mercados e economias globais, ressoando o conhecido adágio: "É a economia, estúpido".
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