Investing.com – Nouriel Roubini, economista que previu a crise de 2008 e, por isso, ganhou o apelido de Dr. Apocalipse, advertiu em um artigo recente que os problemas da China são estruturais, com destaque para o rápido envelhecimento da população, a bolha imobiliária, a dívida pública e privada próxima a 300% do PIB e a guinada para o “capitalismo de Estado”.
Em sua visão, após três décadas de crescimento anual próximo a 10%, a economia chinesa desacelerou significativamente nesta década. No último ano, mesmo com a recuperação pós-programa ‘Covid zero’, o crescimento foi de apenas 5,2%. O FMI projeta que o crescimento chinês cairá para 3,4% ao ano até 2028, e muitos analistas preveem um crescimento potencial de apenas 3% até o final desta década. Isso poderia levar a China a uma armadilha de renda média.
Roubini destaca ainda que o investimento impulsionado pelo crédito tornou-se excessivo, com bancos estatais emprestando a empresas controladas e governos locais. O governo chinês também tem prejudicado o setor tecnológico e outras empresas privadas, afetando a confiança empresarial e o investimento privado.
Com a desglobalização e o protecionismo, ele afirma que a China enfrenta limites no crescimento baseado em exportações. As sanções tecnológicas do Ocidente e a alta taxa de poupança interna com baixas taxas de consumo dificultam o crescimento.
“O modelo de crescimento chinês baseado em manufatura leve e exportações está obsoleto. As autoridades defendem um crescimento de alta qualidade com incentivos financeiros para empresas estatais infladas, mas sem aumento da demanda interna, isso levará a excesso de capacidade e dumping nos mercados globais”, escreveu.
O economista alerta também que o excesso de oferta da China está causando pressões deflacionárias e aumentando o risco de estagnação secular. Como a segunda maior economia do mundo, qualquer dumping enfrentará tarifas e protecionismo. Portanto, ele sugere que a China precisa de um novo modelo de crescimento focado em serviços internos e consumo privado.
“É evidente que a China necessita revitalizar a confiança do setor privado e reativar seu crescimento econômico através de um modelo mais sustentável. Contudo, permanece incerto se os líderes chineses estão plenamente cientes dos desafios que enfrentam. Enquanto o presidente Xi Jinping reforçou o capitalismo de Estado na última década, o primeiro-ministro Li Qiang, notavelmente inclinado às reformas de mercado, parece ter sido deixado de lado”, complementa.
Por fim, o Dr. Apocalipse declara que a análise mais otimista sugere que Xi reconhece a importância de engajar o setor privado e as multinacionais para revitalizar a confiança empresarial, fomentar investimentos estrangeiros diretos e estimular o crescimento baseado no setor privado e no consumo individual. Considerando a presença ainda ativa de Li, é possível que ele esteja trabalhando discretamente em favor de uma "abertura e reformas", mantendo um perfil discreto em respeito a Xi.
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